Facebook cancela conta de italiana por foto de beijo gay

Imagem de duas mulheres a beijarem-se provocou denúncias. Rede social afirmou inicialmente que violava as regras contra a nudez e pornografia. E depois admitiu que cancelar a conta foi um erro.

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A imagem que esteve no centro da polémica DR

Duas mulheres beijam-se, com as cores do arco-íris pintadas nas faces. A fotografia foi escolhida pelo amor que transmite de uma forma “pura”, explica Carlotta Trevisan, uma italiana de 28 anos, que viu a sua conta do Facebook apagada por ter violado as regras da rede social sobre “nudez e pornografia”. Carlotta queria apenas assinalar o Dia Internacional contra a Homofobia e Transfobia.

A italiana actualizou a sua fotografia de perfil com a imagem do beijo das duas mulheres na última quinta-feira, numa afirmação pela defesa dos direitos das lésbicas, gays, bissexuais e trangénero e para lançar uma discussão sobre a homofobia. Pouco depois, os comentários positivos e de apoio começaram a surgir mas intervalados com críticas e mensagens homofóbicas. “Isto não presta”, alguém escreveu. “Tira a fotografia. Tenho que proteger o meu filho menor”, lia-se noutro post.

Carlotta, que tem uma filha de seis anos, conta ao jornal La Stampa que não percebeu o porquê do negativismo em torno da fotografia. “Num beijo entre duas pessoas de qualquer género vejo apenas o seu amor, nada mais. Não me incomoda”.

Após alguns comentários negativos, a italiana recebeu uma mensagem do Facebook onde era informada que a imagem que publicou tinha sido alvo de denúncias por violar a questão da nudez e pornografia, conteúdos proibidos na rede social. Foi-lhe ainda pedido que retirasse a fotografia da sua página, o que Carlotta se negou a fazer. “Esta é uma das várias fotografias do género que podemos encontrar no Google. Por isso, qual é o mal?”, questionou. O perfil foi cancelado pelo Facebook.

A italiana decidiu partilhar a imagem com os amigos através de email e contou-lhes o que tinha acontecido. Como resposta recebeu solidariedade e força para protestar junto do Facebook. “O que me magoa é a razão pela qual bloquearam a conta e por que me proibiram de comunicar com os meus amigos, com o mundo”, lamentou ao La Stampa.

Questionada sobre se estaria disposta a criar um outro perfil na rede social, Carlotta respondeu que quer recuperar a página que já tinha criado. Esta terça-feira, a página da italiana estava de novo activa e sua foto de perfil é agora a imagem censurada. 

Num curto comunicado, a empresa de Mark Zuckerberg explica que “ocasionalmente” comete erros. “[…] cometemos um erro e bloqueamos um conteúdo que não deveríamos. Compreendemos como as pessoas podem ficar frustradas com isso quando, como neste caso, aconteceu um erro”.

Segundo um estudo avançado na semana passada pela Ilga Europa, Itália foi considerado um dos países que mais desrespeitam os direitos de lésbicas, gays, bissexuais e transgénero (25% afirmaram aceitar a diversidade sexual). O Reino Unido está no topo da lista (82%), seguido da Bélgica (78%), Espanha (73%), e depois Holanda, Noruega e Portugal, países com valores próximos dos 70%.

Notícia actualizada às 13h19 de 21 de Maio de 2014: Acrescenta comentário do Facebook ao caso.

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