EUA vão reforçar protecção das crianças na Internet

Facebook vai dificultar acesso a sites pornográficos ou violentos.

Foto
Crianças sabem mais de novas tecnologias do que os pais, dizem especialistas Manuel Roberto

Os EUA vão reforçar, já na segunda-feira, a protecção de dados para as crianças, cada vez mais expostas a aplicações móveis e às redes sociais. Muitos temem que estas medidas venham a reduzir as ofertas para os mais novos, mas outros dizem que não vão mudar a forma como as crianças têm acesso online. Por sua vez, a empresa Facebook vai impedir a entrada de anúncios de páginas com pornografia ou violência.

As novas regras, impostas pela comissão federal do comércio (FTC) dos EUA alargam a noção de "informação pessoal" e proíbem o acesso à geolocalização, às fotografias e aos conteúdos áudio e video das crianças. "Os serviços online deixam de poder monitorizar secretamente o que uma criança faz na internet e orientá-la com publicidade", de acordo com seu perfil, explica Jeffrey Chester, do Centro para a Democracia Digital, que há quatro anos defende a mudança das regras. "Esta é uma importante vitória para o direito à privacidade na internet."

Numa declaração comum, 19 grupos de defesa dos consumidores defendem medidas novas que consideram necessárias para proteger as crianças e ajudar os pais a ensiná-las a usar telemóveis e tablets.

Daniel Castro, da Fundação para a Informação, considera que as regras estão muito focadas na protecção de danos e menos na funcionalidade. Isso significa que os sites vão "ignorar as regras e a idade dos utlizadores ou, se forem dirigidos a crianças, vão reduzir as suas funcionalidades".

Outros especialistas dizem que as regras vão ter pouco impacto porque as crianças sabem usar melhor do que os seus pais as novas tecnologias. Portanto, vão arranjar meios de contornar os controlos impostos. "É incrivelmente fácil para as crianças", nota Stanley Holditch, especialista em segurança online da McAfee que acrescenta que, segundo um estudo recente, 85% das crianças norte-americanas, entre os dez e os 12 anos, usam o Facebook – este está pensado para jovens a partir dos 13 anos. Na mesma faixa etária, um quinto confessou ter excluído o seu histórico de busca ou navegou na Internet em modo privado para evitar ser detectado; e 10% criaou configurações de segurança para esconder algum conteúdo dos pais.

Stanley Holditch reconhece que a internet é um "verdadeiro perigo" para os mais novos que "dão informações sem pensar", mas que é "difícil, senão mesmo impossível" que as redes sociais respeitem as novas regras, a não ser que se crie um sistema draconiano baseado em identificações biométricas ou em bases de dados nacionais. Mesmo o Facebook não tem recursos humanos suficientes para identificar os milhões de menores que usam o seu site e para não permitir a sua geolocalização. Para isso, teria de desactivar a geolocalização de todos os seus clientes, aponta.

Facebook impede publicidade
A empresa Facebook vai endurecer as regras e impedir que publicidades com conteúdos sexuais ou violentos possam surgir nas suas páguinas, anunciou na sexta-feira.

Até agora, do lado direito da página, onde surgem as publicidades, podem aparecer conteúdos para adultos. "O nosso objectivo é manter a liberdade de compartilhar no Facebook e, ao mesmo tempo, proteger as pessoas e marcas de conteúdos", explica a empresa no seu blogue.

Sugerir correcção
Comentar