Esta mesa é uma alternativa ao ar-condicionado

Projecto de equipa francesa armazena calor para depois libertá-lo quando a temperatura de uma divisão fica abaixo dos 21 graus Celsius.

Jean-Sébastien Lagrange e Raphaël Ménard com a sua criação
Fotogaleria
Jean-Sébastien Lagrange e Raphaël Ménard com a sua criação Colombe Clier, VIA 2015
Fotogaleria
Colombe Clier, VIA 2015
Fotogaleria
Pormenor do aço anodizado usado Colombe Clier, VIA 2015

Recorrer ao ar-condicionado ou a aquecedores para elevar a temperatura de uma divisão em casa é rotina para muitos. Rápida e eficiente, mas pouco ecológica e económica. Por que não encontrar uma alternativa que, em vez de ser um objecto com apenas uma função, garantir o aquecimento de casa, pudesse ter uma dupla funcionalidade? Um designer e um engenheiro franceses criaram uma mesa, a primeira peça de mobília do projecto Zero Energy Furniture, que consegue absorver o excesso de calor numa divisão para depois libertá-lo quando a temperatura ambiente atinge um certo nível.

Zero Energy Furniture quer dizer mobília com energia zero. O designer Jean-Sébastien Lagrange e o arquitecto e engenheiro Raphaël Ménard são os mentores do projecto e recentemente apresentaram publicamente uma mesa que armazena e emite calor. A mesa de madeira tem o aspecto de uma mesa normal, destacando-se o design e o que se passa debaixo do tampo feito de carvalho.

“Queríamos saber se seria possível tratar questões climáticas e energéticas à escala de móveis”, explicou Lagrange em declarações à Wired. E é isso que faz a mesa criada pelo duo francês, a ZEF Climatic Table. De uma forma básica, a mesa absorve o calor que entra numa sala, por exemplo, através do sol que bate nas janelas, e armazena-o através de uma combinação de materiais, para depois libertá-lo quando a temperatura da divisão desce abaixo dos 21 graus Celsius. Lagrange garante que a diferença de temperatura assim que a mesa começa a “funcionar” é “notória”.

A forma como a energia térmica funciona é simples. Debaixo do tampo de carvalho existe uma combinação de materiais conhecidos como PCM (phase-change materials, em inglês), incluindo uma espécie de cera. Estes materiais têm a capacidade de “mudar de fase” em função da temperatura, armazenando grandes quantidades de calor acima da sua temperatura de fusão e libertando calor quando a temperatura desce abaixo desse limiar. Estes PCMs foram colocados entre o tampo e uma chapa de alumínio anodizado dobrada em várias partes. O que acontece é que os materiais amolecem quando o ambiente atinge cerca de 21 graus, absorvendo o excesso de calor. Em seguida, voltam a endurecer quando os valores ficam abaixo dessa temperatura, libertando o calor retido com a ajuda do alumínio anodizado em formato de ondas.

Lagrange e Ménard utilizaram a ciência por detrás deste sistema — que, por exemplo, está a ser utilizado na área do fabrico de fibras têxteis capazes de melhorar o conforto térmico — para adaptá-la aos móveis comuns que existem em casa ou no local de trabalho. A ideia de que se pode tornar um objecto já de si útil em algo que reduz o consumo de energia e os custos associados é essencial ao seu projecto.

Segundo a equipa, a mesa consegue reduzir as necessidades de aquecimento em até 60% e de refrigeração em 30%. À Wired, deram como exemplo uma mesa com capacidade para 15 pessoas colocada numa pequena sala de reuniões. Lagrange e Ménard garantem que a sua invenção consegue reduzir até 30% a energia que seria consumida com o uso de ar condicionado.

Num passo à frente, a equipa espera poder usar o mesmo tipo de técnica em sistemas de iluminação, abrindo ainda espaço a outros objectos. 

Sugerir correcção
Comentar