Dell vai pagar 18 mil milhões para sair de bolsa

Empresa tem vindo a perder quota no mercado dos PC e poderá ter mais flexibilidade sem ter de responder a accionistas.

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Michael Dell vai comprar as acções da empresa que fundou B. Mathur/Reuters

A terceira maior fabricante de computadores do mundo decidiu aliviar a pressão imposta pelos mercados e sair de bolsa, num negócio de 24.400 milhões de dólares, ou 17.900 milhões de euros.

A compra das acções será feita, com o apoio de vários bancos, pelo fundador e director-geral da empresa, Michael Dell, bem como pela firma de investimento Silver Lake e pela Microsoft.

Michael Dell e os restantes parceiros na operação propõem comprar cada acção a 13,65 dólares, em dinheiro, o que significa um prémio a rondar os 25% sobre a cotação das acções antes de ser conhecida a intenção de abandonar a bolsa.

A Dell, com sede no Texas, tem vindo a perder quota no mercado dos computadores pessoais, que, por sua vez, está também em declínio. Números da analista Gartner divulgados no mês passado atribuíam à Dell uma quota de mercado, no último trimestre de 2012, de 12,2%, atrás da líder HP (também americana e com uma quota de 15,5%) e da Lenovo (chinesa, 13,6%). O mercado de PC recuou nesse trimestre 4,9% e a Dell foi, dos cinco fabricantes de topo (onde se contam ainda as taiwanesas Acer e Asus), aquela que mais caiu, com uma descida de 20,9% face ao trimestre anterior.

Os analistas apontam que uma saída da bolsa permitirá aliviar a pressão e o escrutínio de analistas e investidores, bem como dos media, e dá à empresa mais liberdade para tomar decisões estratégicas (que já não terá a mesma obrigação legal de divulgar) e para se concentrar no segmento empresarial.

“Um risco significativo que a Dell provavelmente encontrará durante esta transição é o de as empresas e organizações do sector público cortarem nas suas compras até que ‘o pó assente’”, escreveu, numa nota enviada aos jornalistas, o analista-chefe da Ovum para o sector de IT, Carter Lusher, que descreve o objectivo da multinacional americana como o de se tornar um fornecedor de todo o hardware para empresas, bem como dos serviços de suporte associados.

À agência Reuters, a analista Shebly Seyraf, da FBN Securities, afirmou que esta é “uma oportunidade para Michael Dell ser um pouco mais flexível a gerir a empresa”, o que, argumentou, não significa que a Dell vá deixar de ter “desafios no mercado dos PC tal como tinha antes”.

O director financeiro da Dell, Brain Gladden, citado pela Reuters, afirmou que a estratégia “continuará genericamente a mesma”. 
 

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