CP atrasa-se na colocação de Internet nos comboios

Empresa conclui com seis meses de atraso instalação de wi-fi nos Intercidades da linha do Norte, mas deixa de fora a maior parte da sua frota.

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A CP está a adquirir equipamento para instalar a bordo dos comboios Alfa Pendular Foto: Paulo Ricca

Das 101 carruagens que compõem as frotas dos Intercidades da CP, só 56 estão equipadas com wi-fi. São precisamente aquelas que correspondem aos comboios da linha do Norte e que fazem os Intercidades de Lisboa para o Porto, Braga e Guimarães. A frota dos comboios rápidos para a Beira Alta e Algarve ainda não tem wi-fi a bordo.

No ano passado a empresa contava ter este serviço na linha do Norte até ao fim do ano, mas, segundo fonte oficial da empresa, este projecto só se iniciou em Dezembro de 2014 tendo ficado concluído em Junho de 2015. Para a restantes 45 carruagens em falta, a empresa espera começar a instalar wi-fi “no segundo semestre de 2015”. Como é habitual a empresa atrasar-se entre seis meses a um ano (nos Alfas Pendulares o projecto também se atrasou), é provável que só em finais de 2016 todos os Intercidades da CP estejam ligados à Internet.

A empresa exclui, para já, a colocação de wi-fi nos comboios regionais e suburbanos.

Esta situação contrasta com a concorrente Rede de Expressos, que tem praticamente todos os autocarros com Internet, bem como a maioria das empresas rodoviárias do país que estão ligadas à rede. Os próprios STCP, no Porto, foram dos primeiros a instalar wi-fi nos autocarros.

A CP alega que é mais difícil colocar Internet nas suas carruagens por causa da envolvente ao caminho-de-ferro. Isto é: há ondas magnéticas e questões técnicas complexas relacionadas com a sinalização e telecomunicações ferroviárias que têm de ser salvaguardadas por motivos de segurança e que encarecem estes projectos.

No entanto, é na linhas suburbanas que a CP transporta mais passageiros. Um estudo da SNCF (operador ferroviário em França) diz que os seus clientes dos comboios suburbanos passam 80% da viagem ligados à rede. São viagens curtas, mas são milhões de passageiros.

A CP não possui estudos sobre a percentagem de clientes que usa Internet a bordo, sendo, no entanto, visível que nos Alfas Pendulares há muita gente que aproveita a viagem para trabalhar. Só um inquérito aprofundado poderia dar uma ideia das horas de trabalho realizadas sobre carris e quanto é que um país ganha se as pessoas se deslocarem de transporte público para o emprego, aproveitando esse tempo para trabalhar.

“E mesmo que só estejam a ler os jornais ou no Facebook, pelo menos quando chegarem ao trabalho já têm isso feito e começam logo a trabalhar”, diz, com sentido de humor, Plácido Afonso, designer e investigador que vive na Finlândia.

“Nos suburbanos de Helsínquia, posso garantir sem grande margem de erro que cerca de 90% das pessoas estão online”, conta ao PÚBLICO. Só que na Finlândia o acesso à rede nem precisa de ser feito através do comboio porque esta é baratíssima e tem uma excelente cobertura. Em contrapartida, Portugal tem da Internet mais cara da Europa, pelo que muitas pessoas beneficiariam da ligação à rede através dos transportes.

 

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