Compra da Nokia pela Microsoft à espera do aval de reguladores asiáticos

EUA e União Europeia já autorizaram o negócio, que as duas multinacionais queriam ter fechado até ao fim deste mês.

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No trimestre passado, a Nokia vendeu 89% dos telemóveis com Windows Phone Kacper Pempel/Reuters

A aquisição do negócio de telemóveis da Nokia pela Microsoft está ainda à espera da luz verde de alguns reguladores asiáticos. As duas empresas pensavam concluir a transacção até ao final deste mês, mas comunicaram agora que esperam terminar o processo apenas em Abril.

“Estamos a aproximarmo-nos da fase final do processo de aprovação regulatória global”, escreveu, no site da empresa, o vice-presidente para os assuntos legais, Brad Smith. “Até à data, recebemos aprovação de autoridades regulatórias em 15 mercados de cinco continentes. Actualmente, estamos a aguardar a confirmação de aprovação nos últimos mercados. Este trabalho tem estado a avançar e esperamos tê-lo fechado no próximo mês”. Um comunicado da Nokia especifica que “a transacção está pendente de aprovação de algumas autoridades de concorrência na Ásia, que ainda estão a fazer as suas análises”.

Os EUA deram o aval ao negócio no início de Dezembro e a União Europeia fê-lo apenas dois dias depois. Entre outros países, a compra já foi aprovada na Turquia, Israel, Rússia e Índia (onde a Nokia está a travar uma disputa legal com o Estado por questões fiscais).

O negócio é o culminar de uma parceria que começou no início de 2012, quando a Nokia, então liderada por um ex-executivo de topo da Microsoft, assinou um acordo para usar o Windows Phone nos seus smartphones. A compra da divisão de telemóveis foi acordada entre as duas multinacionais em Setembro do ano passado, por um valor de 7200 milhões de dólares (5200 milhões de euros, ao câmbio actual).

Depois de concluída a transacção, a Microsoft ficará com a unidade de telemóveis, bem como com o direito a usar as marcas Asha (de telemóveis para os países em desenvolvimento) e Lumia (a linha de smartphones com Windows Phone). A empresa americana poderá também usar a marca Nokia, mas apenas nos aparelhos que já estejam no mercado.

No valor que a Microsoft acordou pagar está ainda incluído o direito de usar as patentes da Nokia durante dez anos. A fabricante finlandesa tem um portefólio de patentes importantes e este licenciamento poderá estar na base das preocupações regulatórias, afirmou um analista de mercado à agência Reuters. “[O adiamento] é um mau sinal. Eles têm estado a discutir com as autoridades já há algum tempo, e ainda precisam de mais tempo. O maior risco está nos benefícios das patentes. Parece que a Nokia terá de fazer mais concessões”, argumentou Sami Sarkamies, analista da Nordea Markets, que opera nos países nórdicos e na região do Báltico.

Na decisão de Dezembro, a Comissão Europeia considerou que “a sobreposição da actividade das duas companhias nesta área é mínima e muitos rivais fortes, como a Samsung e a Apple, vão continuar a concorrer com a entidade resultante da fusão”. Mas avisou que se manteria atenta precisamente ao licenciamento de patentes, uma situação que o regulador europeu entendeu não poder ser avaliado no âmbito da apreciação da compra. Pelo direito a usar as patentes, a Microsoft pagará 1650 milhões de dólares, aproximadamente 1200 milhões de euros.

Um dos argumentos centrais da Comissão Europeia para determinar que o negócio não traz problemas concorrenciais foi a reduzida quota de mercado do Windows Phone: 3,3% no ano passado, segundo a IDC, com a Nokia a vender nove em cada dez aparelhos com este sistema. Na decisão, lê-se que esta posição de mercado faz com que a Microsoft “provavelmente” continue a “depender de outros fornecedores de aparelhos para alargar a adopção por parte dos consumidores e atrair criadores de aplicações móveis”.

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