Bruxelas dá luz verde à Nokia para comprar a Alcatel-Lucent

Comissão Europeia concluiu que a fusão não prejudica a concorrência porque as empresas não competem directamente nas mesmas zonas geográficas. No mercado das infra-estruturas de telecomunicações mantêm-se operadores de peso mundial.

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Nokia compra Alcatel-Lucent e cria um dos maiores operadores mundiais na área das infra-estruturas de telecomunicações Martti Kainulainen/AFP

A Comissão Europeia aprovou, nesta sexta-feira, a fusão entre a Nokia e a Alcatel-Lucent por entender que o negócio não coloca entraves à livre concorrência. A empresa finlandesa pode, assim, concretizar a compra da multinacional franco-americana, numa operação de 15,6 mil milhões de euros que dará origem à Nokia Corporation, um dos maiores operadores mundiais na área das infra-estruturas de telecomunicações.

Bruxelas entendeu que a aquisição cumpre as regras da concorrência, já que as duas empresas “não são concorrentes próximos”. Além disso, após a transacção, continuarão activos “vários competidores fortes a nível global”, como a Ericsson e a Huawei. No que toca ao negócio das redes, a Comissão concluiu que “apesar da entidade a criar depois da fusão passar a ter uma quota de mercado de cerca (ou acima) de 30% em vários tipos de equipamentos, a sobreposição entre as actividades das duas empresas é efectivamente limitada”. A Nokia tem uma forte presença na área económica da União Europeia, enquanto a Alcatel-Lucent “é um pequeno operador” com mais influência na América do Norte.<_o3a_p>

Quanto aos impactos para as outras empresas a operar neste mercado, a Comissão sublinha que a Ericsson, a Huawei e a Nokia são actualmente os protagonistas do sector na Europa. A chinesa ZTE e a Samsung têm quotas de mercado mais pequenas “mas que não reflectem totalmente a importância competitiva da sua oferta”, destaca Bruxelas. “Espera-se que a Samsung em particular possa ter um papel mais significativo num futuro próximo em relação à mais recente geração de telecomunicações móveis – o 4G e o 5G”, refere a Comissão. E acrescenta: “A investigação não detectou que a transacção dificulte a entrada ou expansão de novos ou pequenos operadores no mercado”.

<_o3a_p>A fusão deverá ser formalizada no primeiro semestre de 2016, data em que nasce a Nokia Corporation. A empresa – com sede na Finlândia e “ forte presença em França” – será detida em 66,5% pelos actuais accionistas da Nokia e em 33,5% pelos da Alcatel Lucent.

A notícia do interesse da Nokia pela Alcatel surgiu no ano passado na imprensa internacional e a fusão, agora autorizada pelo regulador europeu, vai dar origem a uma empresa com receitas conjuntas de 25,9 mil milhões de euros e mais de 100 mil trabalhadores.

A Alcatel-Lucent é uma empresa de infra-estruturas de rede e telecomunicações com sede em França. Tal como a Nokia, já não está no negócio dos telemóveis, tendo vendido a participação que tinha na Alcatel OneTouch (que fabrica aparelhos de consumo, incluindo telemóveis e relógios inteligentes) à multinacional chinesa TCL Communication, que já tinha parte desta empresa. 

Por seu lado, o outrora gigante finlandês já fabricou borracha e televisores, mas decidiu, em 1992, dedicar-se aos telemóveis. Depois de anos de sucesso, não conseguiu acompanhar a concorrência na era dos smartphones, nomeadamente da Samsung e da Apple, e vendeu, por cerca de 5,4 mil milhões de euros, o negócio dos telemóveis à Microsoft, numa operação que foi concluída em Abril de 2014. O principal negócio da Nokia passou então a ser o das infra-estruturas de comunicações, embora também tenha serviços de geolocalização, como mapas e GPS, e um negócio assente no licenciamento de propriedade intelectual.

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