Bolsa de Nova Iorque começou a publicar valor das bitcoins

A divisa digital tem suscitado atenção, mas está muito longe de uma adopção massificada.

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Uma representação das bitcoins com o formato de moedas JIM URQUHART

A bitcoin, a divisa digital que ocasionalmente é apresentada como o futuro do dinheiro ou a solução para a falta de liquidez grega, mas que também protagonizou desfalques milionários, vai beneficiar do prestígio de uma instituição bicentenária no mundo financeiro.

A Bolsa de Nova Iorque começou a publicar diariamente o valor das bitcoins em dólares, de forma semelhante ao que faz com várias outras divisas. Inicialmente, para calcular este valor, são analisadas apenas as transacções feitas na Coinbase Exchange, um serviço de compra e venda de bitcoins, que tem 2,8 milhões de carteiras electrónicas (onde as bitcoins podem ser guardadas) e que recebeu no início do ano um investimento de 75 milhões de dólares, no qual a Bolsa de Nova Iorque participou. 

A Bolsa de Nova Iorque está aberta a incorporar nos seus cálculos outros serviços de transacção de bitcoins, desde que estes cumpram determinados requisitos, nomeadamente de transparência e liquidez. Actualmente, vários serviços publicam as respectivas taxas de câmbio entre bitcoins e outras divisas, um dos quais foi lançado pelos gémeos milionários Cameron e Tyler Winklevoss, que processaram Mark Zuckerberg por reivindicarem a ideia original do Facebook. Também a agência financeira Bloomberg tem uma taxa de câmbio para as bitcoins.

A publicação por parte da Bolsa de Nova Iorque vem dar um empurrão à credibilidade da divisa, cuja história inclui alguns episódios de fraudes, o mais famoso dos quais é o caso do Mt. Gox, outrora um dos grandes serviços de compra e venda de bitcoins, que acabou por fechar, depois de terem desaparecido dos respectivos servidores o que era então equivalente a 350 milhões de euros. A empresa, com sede no Japão, acabou por declarar insolvência e os utilizadores que perderam dinheiro no processo podem desde então juntar-se a uma lista de credores.

Na sequência da crise financeira no Chipre, há dois anos, a popularidade das bitcoins cresceu, ajudada por uma avalancha de referências na imprensa. Nos meses que se seguiram, alguns bancos centrais alertaram para os riscos de comprar esta divisa, sublinhando que não se trata de dinheiro real e que as oscilações de valor eram muito abruptas.

Por outro lado, a divisa tem conquistado entusiastas, alguns apoiantes de peso (como o economista Ben Bernanke, que foi presidente da Reserva Federal Americana) e tem sido adoptada por alguns comerciantes. 

As origens da bitcoin são obscuras. O sistema informático que as gera foi descrito no final de 2008 num artigo com a estrutura típica de um artigo científico, colocado num fórum online e assinado pelo que se julga ser um pseudónimo. Em vez do dinheiro tradicional, que é emitido por uma entidade central, as bitcoins são geradas numa rede informática, à qual qualquer computador se pode ligar. A intervalos regulares, estes computadores têm de resolver uma espécie de problemas matemáticos. Os que o conseguem fazer são recompensados com um montante em bitcoins. O sistema assemelha-se mais à exploração de um minério de quantidade finita do que ao funcionamento do dinheiro moderno.

O valor das bitcoins em dólares divulgado pela Bolsa de Nova Iorque diz respeito às 16h de Londres e é publicado nas duas horas seguintes, arredondado a quatro casas decimais. Nesta terça-feira, cada bitcoin valia 233,31 dólares.

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