Apple recusa ceder computadores ao Partido Republicano por causa de Donald Trump

Lista de empresas que estão a boicotar a convenção do partido está a crescer, mas gigantes como a Google e o Facebook mantêm a decisão de participar.

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Nancy Wiechec/Reuters

A empresa de tecnologia Apple não quer associar a sua marca ao candidato Donald Trump e anunciou que vai manter-se afastada da convenção nacional do Partido Republicano, que vai decorrer em Cleveland entre os dias 18 e 21 de Julho.

Empresas como a Apple não costumam passar cheques directamente ao Partido Republicano ou ao Partido Democrata, mas têm todo o interesse em estar presentes nas convenções de ambos os partidos – em 2008 a Apple cedeu o equivalente a 140 mil dólares em computadores a cada partido; e em 2012 emprestou-lhes equipamento, como computadores, telemóveis e tablets.

Mas, desta vez, a fabricante do iPhone decidiu que não vai ceder nem emprestar equipamento, e nem sequer vai estar presente na convenção do Partido Republicano, tudo por causa de Donald Trump.

A informação não foi tornada pública pela empresa, mas o Politico e o The New York Times avançaram a notícia com base em dois responsáveis do Partido Republicano que foram informados sobre a decisão, e que são citados sob a condição de anonimato.

A reacção dos organizadores da convenção do partido também chegou a coberto do anonimato: "Estamos a trabalhar com vários parceiros tecnológicos que estão decididos a fazer parte do processo político americano."

Ao contrário da Apple, empresas como a Google e o Facebook dizem que vão participar na organização das convenções de ambos os partidos, como é habitual. Mas outras, de outras áreas, como a JPMorgan Chase, a Wells Fargo e a Ford, por exemplo, também já fizeram saber que não vão participar na convenção do Partido Republicano.

Cada uma dessas empresas avançou uma razão específica, e nenhuma falou directamente sobre o facto de Donald Trump ser o mais do que provável nomeado.

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A JPMorgan Chase anunciou que não vai participar em nenhuma das convenções este ano, depois de ter dado 200 mil dólares à reunião do Partido Republicano em 2012, em Tampa; a Wells Fargo disse que vai contribuir apenas para a convenção do Partido Democrata, em Filadélfia (a convenção vai decorrer no Wells Fargo Center), porque tem uma grande fatia do mercado na cidade, argumentando que não acontece o mesmo na cidade de Cleveland, onde se vai realizar a convenção do Partido Republicano (a Wells Fargo deu 500 mil dólares a cada partido em 2012); e a Ford diz que prefere concentrar dinheiro e esforços nas delegações dos partidos nos estados onde tem fábricas.

Segundo o Politico e o The New York Times, a Apple disse claramente ao Partido Republicano que não vai gastar um cêntimo na convenção por causa de Donald Trump, juntando-se assim à Hewlett Packard Enterprise e ao grupo de media BuzzFeed, entre outras empresas.

No início do mês, o presidente executivo do BuzzFeed, Jonah Peretti, escreveu uma nota a dar conta da perda de um lucrativo contrato publicitário, por decisão da empresa. "Em alguns casos, temos de fazer excepções: não aceitamos anúncios a cigarros porque são perigosos para a saúde, e não aceitaremos os anúncios de Trump precisamente pela mesma razão."

Durante as primárias do Partido Republicano, Donald Trump acusou a Apple e a Ford de estarem a tirar postos de trabalho a cidadãos dos Estados Unidos ao levarem as suas fábricas para fora do país. No caso da Apple, o candidato apelou mesmo a um boicote aos produtos da empresa depois de o seu presidente executivo, Tim Cook, se ter negado a criar um programa para violar as configurações de segurança de um iPhone dos dois atiradores que mataram 14 pessoas em San Bernardino, na Califórnia, em Dezembro do ano passado.

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