A importância dos cantos arredondados na guerra entre Apple e Samsung

Foto
Um desenho de uma das audiências, com o vice-presidente da Apple Phil Schiller a testemunhar Vicki Behringer/Reuters

Num tribunal californiano corre a multimilionária batalha judicial entre Apple e Samsung. A fasquia está alta para ambas, mas o processo tem-se desenrolado em torno de pormenores como o canto arredondado dos ícones das aplicações.

Uma designer chamada Susan Kare, que trabalhou em tempos para a Apple e desenhou ícones para os primeiros Macintosh, foi chamada a testemunhar como perita. Perante o júri, afirmou que os ícones das aplicações nos telemóveis das duas empresas são parecidos ao ponto de as semelhanças causarem confusão. E afirmou mesmo que, numa situação em que os advogados da multinacional americana lhe mostraram vários telemóveis, ela queria pegar num iPhone e acabou por pegar num modelo da Samsung.

Kare – que é uma testemunha paga pela Apple e que, segundo contas da agência Bloomberg, já ganhou 80 mil dólares com o caso – notou que os ícones das aplicações são nos dois casos quadrados, com cantos arredondados e mostrados em filas de quatro. Também indo ao pormenor, os advogados da Sasmung rebateram a acusação, notando que o processo de arranque dos telemóveis Android (o sistema que equipa os aparelhos da Samsung que a Apple diz copiarem o iPhone) é muito diferente e que o ecrã inicial exibe no topo uma barra de pesquisa do Google, em vez de apenas ícones de aplicações – factores que tornarão impossível que um consumidor confunda telemóveis das duas marcas.

É com base neste tipo de questões que o caso se deverá desenrolar ao longo de Agosto. A Apple pretende uma indemnização de 2,5 mil milhões de dólares e que a Samsung seja proibida de vender os aparelhos em causa nos EUA. A sul-coreana contratou alegando que a Apple infringiu patentes relacionadas com tecnologia de comunicação sem fios. O caso é apenas um entre muitos que correm na justiça de vários países

Já este semana um outro perito pago pela Apple para testemunhar – um professor universitário chamado Peter Bressler, que é também dono de uma empresa de design – dissera haver muitas semelhanças entre o iPhone e os telemóveis da Samsung. Mas os advogados da sul-coreana aprofundaram o assunto, comparando meticulosamente questões como o formato e o tamanho das margens em torno do ecrã dos aparelhos e argumentando haver diferenças entre os produtos das duas empresas. “Não creio que eles devam estar a investigar estes minúsculos pormenores um por um”, chegou a afirmar Bressler em tribunal, citado pela agência Reuters.

Ao longo das últimas semanas, entre documentos e testemunhos, a disputa judicial tem trazido a público pormenores sobre o processo de desenvolvimento de ambas as multinacionais.

Do lado da Apple, ficou a saber-se que um executivo ficou bem impressionado com um tablet de sete polegadas da Samsung e recomendou a Jobs que a empresa avançasse para um iPad desse tamanho – ao que Jobs se terá mostrado “receptivo”; que a dada altura os executivos estavam tão entusiasmados com a ideia de criarem produtos para além de computadores que chegou a circular a ideia de um carro; e que um designer da empresa criou um desenho de um telemóvel, com base em especificações de um aparelho da Sony, que é muito semelhante ao actual iPhone.

Já da parte da Samsung, houve emails que detalham uma reunião em que um executivo afirma que o iPhone se tornou o padrão da indústria e que lançou na empresa uma “crise de design”.

Sugerir correcção
Comentar