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No PÚBLICO de anteontem, o inteligente artigo de Natália Faria sobre a natalidade em Portugal — agora a mais baixa da União Europeia — deu para pensar.

Grosso modo, por cada cem portugueses que morrem só nascem 80. Para mais, por cada 30 portugueses que nascem, há dez portugueses que saem de Portugal para trabalhar num país estrangeiro.

Não só nascem cada vez menos portugueses como os já cá nascidos emigram cada vez mais. O INE (Instituto Nacional de Estatística) estima (no sentido de orçar e logo sem qualquer carga afectiva) que nos últimos três anos a população residente em Portugal (seja portuguesa, seja estrangeira) "diminuiu em cerca de 145 mil pessoas".

Repare-se que isto não inclui os  milhões de turistas — benditos e bem-vindos sejam — que cada vez mais nos visitam.

Com Portugal e o mundo como estão, para não falar no bem-estar de quem tem o potencial para procriar, não ter filhos (para ficar em Portugal e não trabalhar de graça, por muito desempregados que sejam, pelos filhos que se tenham), é a decisão acertada dos casais portugueses.

Portugal é pequenino e já basta os que cá estão. A demografia é, historicamente considerada, histérica e alarmista. Os estrangeiros que têm o bom gosto de cá vir viver — sejam brasileiros, ingleses, romenos, ucranianos ou cabo-verdianos — são os melhores convidados que podemos ter, relembrando-nos os bons viajantes e anfitriões que naturalmente somos.

Com muito prazer.

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