Urgências básicas algarvias em ruptura por falta de profissionais

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Enfermeiros voltam às 35 horas Nuno Ferreira Santos

O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) reiterou nesta segunda-feira se mantém uma situação de ruptura nos serviços de urgência básica (SUB) de Vila Real de Santo António, Albufeira e Loulé.

Em comunicado, os enfermeiros dizem que a situação mais grave é vivida em Loulé, onde “a dificuldade em fazer as escalas de enfermeiros tem vindo a agravar-se de mês para mês” e que nos dias 1 e 2 de Maio não houve médico na SUB de Loulé.

A direcção regional de Faro do SEP explica que “os mapas de pessoal dos SUB prevêem 16 enfermeiros cada. Nenhum tem os 16! Em Loulé, em 2009, trabalhavam 14 e actualmente estão apenas nove”.

“Os ritmos de trabalho agravado pela falta dos restantes profissionais põem em risco a saúde dos enfermeiros e dos doentes”, alerta o SEP cujos representantes se vão reunir na terça-feira com o Ministério da Saúde e no próximo dia 08 de maio com a Administração Regional de Saúde do Algarve (ARSA).

Na base do problema está um desentendimento entre a ARSA e o Centro Hospitalar Algarvio (CHA) sobre a responsabilidade da gestão das SUB.

À Lusa, o presidente do conselho de administração do CHA, Pedro Nunes, contou que durante a fusão dos hospitais de Faro e do Centro Hospitalar do Barlavento Algarvio, o CHA ficou responsável pela SUB de Lagos, mas que as restantes SUB continuaram a ser geridas pela ARSA.

Pedro Nunes disse que a anterior direcção da ARSA demonstrou vontade que aqueles serviços fossem assumidos pelo CHA e que o conselho de administração daquele centro hospitalar está disponível desde que à transferência de responsabilidade corresponda também a respectiva transferência orçamental.

Segundo aquele responsável, há quase dois anos, o CHA assinou um protocolo de seis meses com a ARSA, que não foi renovado, em que se comprometia a ajudar na gestão das SUB de Vila Real de Santo António, Loulé e Albufeira até que fosse encontrada solução para a transferência.

“Nós começámos a ajudar a ARSA a encontrar quadros médicos para os SUB, mas ajudar é uma coisa, responsabilizar-se é outra”, prosseguiu adiantando que na próxima semana se irá reunir com a ARS para discutir este assunto.

Há cerca de dois meses, um despacho da secretaria de Estado autorizou "os médicos cubanos que estão a trabalhar no Algarve a não fazerem o serviço de urgência", contou Pedro Nunes que na altura terá avisado a ARSA que sem esses médicos para assegurar os turnos durante o dia, seria necessário recorrer aos médicos de família porque através dos médicos do CHA "não seria possível garantir todos os turnos".

Contactada pela Lusa, a ARSA remeteu para o comunicado emitido na passada semana onde informava que foram tomadas diligências para colmatar as faltas de profissionais identificadas e que está disponível para contribuir para a resolução de falta pontual de elementos médicos escalados.

Nesse comunicado, a ARSA afirma que “a gestão do sistema de urgência e emergência, a sua organização e escalas dos profissionais dos SUB, é da responsabilidade do Centro Hospitalar do Algarve, EPE que, obrigatoriamente, tem de assegurar a prestação de serviços e atendimento 24 horas por dia nos SUB de Vila Real de Santo António, Loulé e Albufeira, à semelhança do que acontece no SUB de Lagos”.

O Sindicato dos Enfermeiros pretende reunir-se com a Região de Turismo do Algarve "já que pondera denunciar esta situação internacionalmente".

 

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