Universidade homenageia filha de portugueses morta pela polícia nos EUA

Andrea Rebello foi feita refém na própria casa. Agente disparou oito balas sobre o suspeito de assalto. Uma atingiu a luso-descendente.

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Andrea Rebello numa fotografia publicada no Instagram DR

Uma aparente tentativa de assalto em Uniondale, no estado de Nova Iorque, matou a estudante Andrea Rebello: foi atingida na cabeça por uma bala disparada pela polícia, que tentava travar um homem que invadiu a casa da jovem luso-americana de 21 anos .

Dalton Smith foi o homem que entrou em casa de Andrea na madrugada de sexta-feira, perto das 2h20, vestido de preto e com uma máscara de esqui. A jovem vivia com a irmã gémea, Jessica, que estava em casa com o namorado e uma amiga. O invasor aproveitou a porta aberta deixada por um deles – não identificado – que tinha ido buscar as chaves do carro.

A polícia foi alertada por esta pessoa cerca de dez minutos depois de Dalton Smith, um criminoso de 30 anos e “extensos” antecedentes criminais, ter entrado em casa das irmãs. Quando os agentes chegaram ao local, a maior parte das pessoas que se encontravam na residência já tinha conseguido escapar. Andrea, não: a jovem tinha sido feita refém.

Smith tinha Andrea colada ao corpo, usando-a como escudo humano, e apontava-lhe uma arma à cabeça. O detective John Azzata contou, numa conferência de imprensa dada neste sábado, que quando se sentiu cercado, depois de tentar escapar pela porta das traseiras, Smith virou a arma para um dos agentes. O agente viu aí uma oportunidade e disparou.

Oito tiros. Sete atingiram o suspeito, que era procurado desde 25 de Abril por violação da liberdade condicional a que estava sujeito. O outro atingiu Andrea na cabeça. A jovem ainda foi socorrida com vida, segundo o relato da polícia, mas acabou por morrer no hospital.

Na mesma conferência de imprensa, citada pelo The New York Times, o comissário da polícia do Condado de Nassau, Thomas V. Dale, disse que ele próprio se deslocou à casa dos pais de Andrea, em Tarrytown, a cerca de 70 quilómetros de Uniondale, para os informar de que a morte da filha se devia a um disparo acidental da polícia. O casal ainda não reagiu publicamente.

O agente responsável pelos disparos é, segundo John Azzata, um veterano com 12 anos de serviço. O seu nome manter-se-á, no entanto, em segredo pelo menos até que a investigação esteja concluída. A polícia quer saber as circunstâncias exactas em que ocorreu a morte de Andrea, cujo funeral acontecerá na quarta-feira.

Andrea era estudante de Relações Públicas na Universidade de Hofstra, a escassas ruas de onde morava. No sábado, a universidade tinha as bandeiras a meia-haste e um grupo de estudantes reuniu-se numa homenagem silenciosa com flores, velas e fotografias da jovem, que culminou com a entoação de um cântico religioso. Já no domingo, dia da cerimónia de graduação de Hofstra, os estudantes usaram, segundo o Huffington Post, fitas brancas no traje académico para lembrar Andrea.

Nascida em Westchester, no estado de Nova Iorque, a 18 de Março de 1992, Andrea Rebello era luso-americana, mas dizia-se "100% portuguesa". "Sou 100% portuguesa e tenha uma irmã gémea idêntica, acho que isso me faz única de certa maneira", escreveu na apresentação do seu blogue. Os pais, Fernando e Manuela Rebelo, eram, de acordo com a Lusa, emigrantes de Alijó e de Fafe.
 
Notícia corrigida às 21h30: Andrea Rebello não era licenciada nem mestranda, como estava escrito. Tinha feito o minor em Sociologia e estava a fazer o major em Relações Públicas.
 
 

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