Unicef quer envolver adolescentes no uso seguro da Net

Oito em cada dez pensam que há risco de exploração ou abuso sexual online.

Foto
Metade dos jovens pensa que alguns dos seus amigos têm comportamentos de risco na Internet REUTERS/Mihai Barbu

E se tivéssemos adolescentes e não só adultos a tentar impingir regras de segurança na Internet? A Unicef, Fundo das Nações Unidas para a Infância, está a desafiar adolescentes de todo o mundo a dizerem o que acham que deve ser feito e a usarem as redes sociais para sensibilizar os amigos.

A situação inspira preocupação, a avaliar pelos resultados de um inquérito a que responderam dez mil jovens de 18 anos de 25 países — Perigos e Possibilidades: crescer online. Oito em cada dez estão convencidos de que um adolescente está em risco de ser sexualmente abusado ou explorado online. E metade até pensa que alguns dos seus amigos têm comportamentos arriscados.

“A rápida expansão da tecnologia digital e o crescente acesso à Internet  transformaram a vida das pessoas mais novas”, escreve Cornelius Willians, director adjunto para a Protecção Infantil da Unicef, no texto introdutório. Um em cada três utilizadores da Internet é uma criança. “À medida que se torna mais acessível, a violência contra as crianças assume uma nova dimensão com danos profundos e consequências na vida”, diz ainda. “Os resultados do inquérito mostram a dimensão real do risco.”

Conforme o inquérito, os adolescente ouvidos confiam na sua própria capacidade de se manterem em segurança. Quase 90% afirmam saber como evitar perigos online e 36% acreditam que conseguem perceber quando as pessoas estão a mentir sobre a identidade online.

O género tem peso nas percepções de risco: 67% das raparigas ficariam seriamente preocupadas se recebessem comentários ou solicitações de cariz sexual na Internet, o mesmo afirmam 47% dos rapazes.

Se sentissem uma ameaça online, os adolescentes confiariam mais nos amigos do que nos pais ou nos professores. Mesmo assim, quase metade acha que saberia como ajudar um amigo em risco.

Escreve Willians: “A Unicef pretende amplificar a voz dos adolescentes a fim de ajudá-los a protegerem-se contra a violência, a exploração e os abusos online, e contribuir para que as crianças possam aproveitar as vantagens e os benefícios que a Internet e os telemóveis oferecem.”

Para envolver os adolescentes, fazer deles mensageiros, está a divulgar a hashtag #ReplyforAll (#ResponderporTodos). Desafia os adolescentes a levantarem-se contra a violência online, a apoiarem-se uns aos outros, usando as redes sociais para partilhar informação sobre as melhores formas de protecção.

A Unicef pede aos pais para falarem com os filhos sobre segurança na Internet, para se certificarem de que as suas crianças compreendem os riscos e sabem o que fazer em caso de perigo. Apela aos professores para estarem atentos às ferramentas e plataformas usadas pelos alunos. E aos Governos nacionais para ouvirem as crianças e jovens e para incorporarem o seu pensamento nas políticas, estratégias e programas criados para prevenir e combater o abuso sexual através da Internet.

Esta é “uma questão que diz respeito a todos nós”, refere Willians. “Quando os jovens, os governos, as famílias, o sector das novas tecnologias e as comunidades trabalham em conjunto, aumentam as probabilidades de encontrar formas mais eficazes de responder ao abuso e à exploração sexual online.

Sugerir correcção
Comentar