Um em cada sete portugueses usa antidepressivos, segundo Eurobarómetro

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Portugal é o país da UE com a maior prevalência de doenças mentais Foto: PÚBLICO (arquivo)

No dia em que a Comissão Europeia divulgou os resultados do último Eurobarómetro sobre Saúde Mental - que indicam que os portugueses são os maiores consumidores de antidepressivos da União Europeia (UE) -, a ministra da Saúde voltou a defender que os médicos não fazem uma prescrição racional deste tipo de medicamentos e anunciou que está a ser preparado um guia de boas práticas para psiquiatras e clínicos gerais. Uma medida que a ministra Ana Jorge acredita ajudará a acabar com "comparticipações indevidas", sobretudo de " antidepressivos e antiepiléticos de última geração", que são os mais caros.

No último inquérito sobre saúde mental efectuado nos 27 países da UE (que ouviu 26.800 pessoas, 1032 das quais portuguesas), um em cada sete dos cidadãos nacionais entrevistados admitiu que usou antidepressivos nos últimos 12 meses, mais do dobro da média europeia. Os medicamentos foram usados sobretudo para tratar depressões e problemas de ansiedade.

Este novo indicador parece confirmar os resultados do primeiro inquérito epidemiológico efectuado a nível nacional, que surpreendeu os próprios investigadores: Portugal é o país da Europa com a maior prevalência de doenças mentais na população - 23 por cento sofreu de uma doença psiquiátrica no último ano e quase metade (43 por cento) já teve uma destas perturbações durante a vida -, aproximando-se mesmo do campeão mundial a este nível, os EUA.

No Eurobarómetro, a seguir a Portugal no uso de antidepressivos surgem a Lituânia (11 por cento), Malta e França (ambos com 10 por cento). Os menores consumidores deste tipo de medicamentos são os alemães e os gregos. Comparando os dados deste inquérito com o último Eurobarómetro sobre Saúde Mental (divulgado em 2006), percebe-se ainda que a percentagem de portugueses que procurou ajuda de profissionais devido a problemas psicológicos e emocionais nos últimos 12 meses aumentou significativamente desde essa altura (cinco por cento).

Agora, mais de um quinto dos inquiridos admitiu recorrer a apoio de especialistas, uma percentagem também superior à média da UE. Portugal não é, porém, o pior país a este nível (a Roménia está no topo), apesar de se encontrar no grupo dos que apresentam subidas mais pronunciadas desde 2006. São os indivíduos que vivem sozinhos, os que têm dificuldades em pagar as contas "na maior parte do tempo" e os de grupos sócio-económicos mais desfavorecidos os mais afectados.

Apesar disto, o absentismo do trabalho é mais baixo do que a média entre os inquiridos portugueses, com 88 por cento a afirmar que não faltou ao emprego nas últimas quatro semanas. O medo de perder o emprego pode ter aqui alguma influência: quando questionados sobre a segurança do seu trabalho, 29 por cento pensam que está ameaçada, de novo uma percentagem superior à média dos países da UE.

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