Trabalhadores do DN pedem responsabilidades à direcção pela quebra das vendas e da qualidade

Redacção condena despedimentos que significam “o fim da cobertura nacional” do jornal.

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A Controlinveste anunciou na passada semana o despedimento de 160 trabalhadores dos vários títulos do grupo José Sarmento Matos

Os trabalhadores afirmaram ainda que a independência editorial do DN face a todos os poderes, após despedimento colectivo no jornal.

O plenário da redacção do <i>Diário de Notícias</i> (DN) aprovou nesta sexta-feira um documento em que “condena veementemente o despedimento colectivo” que afectou 24 trabalhadores do jornal e que “coloca em causa a qualidade editorial” do órgão de comunicação social.

Os jornalistas do DN consideraram ainda “insuficientes as informações prestadas pelo Conselho de Administração e lamentam que não se tenham procurado alternativas ao despedimento colectivo de trabalhadores”.

“O Plenário de Redacção lembrou e criticou o facto de os despedimentos significarem o fim da cobertura nacional do Diário de Notícias, o desinvestimento em secções que seriam fundamentais para a qualidade de um jornal diário generalista e que seriam também estratégicas para ganhar espaço à concorrência, lamentando ainda o fim da cobertura de determinadas áreas dentro das próprias secções”, acrescenta o documento, a que o PÚBLICO teve acesso.

Num ponto que não colheu a unanimidade do plenário (apenas a maioria), revela ainda o documento, “os trabalhadores exigiram à direcção editorial que assuma também as suas responsabilidades na quebra de vendas e de qualidade do jornal, já que as razões externas não justificam tudo o que de negativo aconteceu ao jornal”.

“Os trabalhadores afirmaram ainda que a independência editorial do DN face a todos os poderes — nomeadamente, aos representados no seu corpo accionista — é imperativa para a afirmação do jornal. A independência é não só um imperativo ético como também um imperativo de rentabilidade do DN, com o qual todos os trabalhadores e o próprio corpo accionista ganharão.”

O grupo de comunicação social Controlinveste, detentor do Jornal de Notícias, Diário de Notícias, TSF e O Jogo, entre outros, anunciou na passada semana que ia avançar com o despedimento de 160 trabalhadores, 20 dos quais através de rescisões.

O Conselho de Administração da Controlinveste é presidido por Daniel Proença de Carvalho desde a recente recomposição accionista que integrou no capital da empresa os empresários António Mosquito (27,5%) e Luiz Montez (15%), além dos bancos BCP e BES (ambos com 15%). O anterior proprietário, Joaquim Oliveira, passou a deter 27,5%.

 

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