Teste de Inglês do 9.º ano passa a contar para a classificação final

O teste de Cambridge era "obrigatório", mas não havia sanções para quem não o fizesse.

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Serão as escolas a determinar o peso do teste na classificação final dos alunos Daniel Rocha

A partir do próximo ano, o teste de Inglês concebido por um departamento da Universidade de Cambridge deixa de ser de diagnóstico e passa a contar para a avaliação de todos os alunos do 9.º ano, com um peso na classificação final que será determinado por cada escola, “no âmbito da sua autonomia”.

A decisão do Ministério da Educação e Ciência foi anunciada nesta quarta-feira, no mesmo dia em que se soube que faltaram ao Preliminary English Test (PET) deste ano — “ou foram dispensados de o fazer” — 14,7% dos 111.534 alunos inscritos. Isto sem qualquer penalização para os estudantes, já que o regulamento não previa sanções para os faltosos, apesar de o teste ser classificado como "obrigatório" para todos os alunos do 9.º ano (e facultativo para outros estudantes).

"Apontarei para que as escolas progressivamente passem a ter uma ponderação da classificação externa perto, ou mesmo idêntica, à ponderação que existe para as outras provas, de Português e Matemática, que é de 30%", disse o ministro da Educação, Nuno Crato, aos jornalistas, no final da sessão, citado pela agência Lusa. No comunicado oficial, refere-se claramente que essa é uma decisão de cada escola, "no âmbito da sua autonomia" e em declarações aos jornalistas o próprio ministro ressalvou, também, que as escolas terão "a liberdade óbvia para decidirem como é que isso é feito, qual a ponderação que darão ao teste".

Este foi o segundo ano consecutivo em que o MEC aplicou um teste de diagnóstico de proficiência em língua inglesa, concebido pelo Cambridge English Language Assessment, da Universidade de Cambridge. Este ano, e apesar dos maus resultados do Key for Schools, em 2014, o MEC decidiu aumentar o grau de dificuldade e aplicou o PET, que confirmou que 61,8% dos alunos do 9.º ano têm um nível de inglês elementar, abaixo do domínio exigível a este ano de escolaridade. Ou seja, não atingem o nível de proficiência na língua inglesa equivalente ao nível de certificação B1 do do Quadro Europeu Comum de Referência para as Línguas do Conselho da Europa. 

 O Instituto de Avaliação Educacional (Iave) destacou que 38,2% dos alunos do 9.º ano tiveram mais 70 pontos (em 100) no teste, um resultado que comparou, pela positiva, com os do exame nacional de Português  e de Matemática de 2014 (23,4 e 27,9, respectivamente). Por outro lado, a percentagem de alunos com um domínio da língua inglesa ao nível mais básico (pré-A1 e A1, o que representa cerca de dois níveis abaixo do expectável) baixou de 47%, em 2014, para 26,6%, em 2015, ou seja, cerca de 20%.  

Ainda assim, o MEC considerou os resultados animadores. No comunicado enviado para as redacções,  comenta que aqueles dois "factos combinados representam uma melhoria considerável dos resultados". Detecta, também, "uma adaptação do sistema, tanto por parte dos professores como dos alunos", que considera "um bom sinal e um bom incentivo para uma melhoria nos anos seguintes".

Na sessão, segundo a Lusa, o ministro  disse que "os resultados mostram que muitos jovens de um ano para o outro progrediram muito significativamente, mas mostram ainda que há jovens que têm deficiências sérias ao nível do domínio da língua inglesa", aos quais terá de ser dada "uma atenção especial".  Hélder Sousa,  o presidente do Iave, notou que, "se é inédito na história da avaliação em Portugal" haver "uma melhoria tão expressiva como aquela que se verificou este ano", é também evidente "que há um imenso trabalho a fazer".

"É preciso perceber que no ano passado tínhamos 50% dos alunos nos níveis pré- A1 e A1, que era absolutamente aterrador, absolutamente assustador do ponto de vista que era o desempenho dos alunos a inglês depois de cinco anos de escolaridade. Esse problema está a ser atacado positivamente e está a ser reduzido, mas 25% de alunos com este nível continua a ser para nós absolutamente inaceitável", insistiu Hélder de Sousa, citado pela Lusa.

De um ponto de vista de distribuição geográfica dos resultados por NUTS III (nomenclatura de unidades Territoriais para fins estatísticos), o  Iave "considerou como variável de medida a percentagem de alunos que atingem ou superam o nível de referência (B1 e B2). Chegou à conclusão de que destacam pela positiva, as áreas do litoral oeste que incluem o Grande Porto e o Baixo Mondego e ainda a Grande Lisboa e todas as NUTS litorais a sul, incluindo o Algarve. Com resultados menos favoráveis encontram-se as do Tâmega, Alto Alentejo e Pinhal Interior Sul".  

Para incluir este teste no sistema de avaliação externa, o próximo Governo não enfrenta tarefa fácil. Em 2014, o anúncio dos resultados teve de ser adiado, devido à falta de classificadores, que eram voluntários. Este ano, aquela passou a ser uma actividade obrigatória, mas o problema não ser resolveu por completo. Segundo dados divulgados nesta quarta-feira pelo Iave, 8,8% dos alunos inscritos não fizeram o teste devido à greve dos professores. Isto apesar de o MEC ter recuado face à ameaça de protestos, tornando facultativos os testes de Cambridge para habilitar os docentes de Inglês a classificarem as provas e aumentando o período de dispensa da componente não lectiva, de oito para 12 dias, aos classificadores.

Tendo em conta que 14,7 dos alunos faltaram ao teste ou foram dispensados e que 8,8% não o fizeram devido à greve dos professores, o PET foi realizado por 85.297 alunos, menos 23% do que o previsto e que incluia alunos de outros anos de escolaridade (para os quais o teste era considerado facultativo).

Com Lusa

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