Temperaturas vão continuar a subir mas é cedo para falar em “onda de calor”

Massa de ar quente continental é responsável pelo calor em vários países da Europa. Apesar da subida, o fim-de-semana deverá ser mais fresco do que os dois anteriores.

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A DGS recomenda que se evite a exposição ao sol nas horas de maior calor Enric Vives-Rubio

As temperaturas vão continuar a subir em todo o país nos próximos dias e na próxima semana os valores devem manter-se um pouco acima do habitual para a época. A subida é um “efeito da massa de ar quente continental” que está a afectar várias zonas da Europa, mas ainda é cedo para falar numa “onda de calor”, explicou ao PÚBLICO Ricardo Tavares, meteorologista do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).

Nesta quinta-feira as temperaturas ainda estão a variar entre os 20 e os 25 graus Celcius na zona litoral e os 25 e os 30 graus no interior. No entanto, segundo Ricardo Tavares, o IPMA prevê que até terça-feira da próxima semana os valores subam gradualmente para entre 25 e 30 no litoral e 30 a 35 no interior. Depois dessa data ainda há “incerteza”, alerta o meteorologista, mas as previsões apontam para que as temperaturas continuem a subir “com uma probabilidade de cerca de 60%” de os termómetros ultrapassarem os 40 graus em algumas zonas, sobretudo no interior Sul.

Questionado sobre o facto de a agência estatal de meteorologia de Espanha ter alertado na quarta-feira para uma onda de calor excepcional na Península Ibérica já a partir de sexta-feira, Ricardo Tavares defendeu que ainda é cedo para falar numa onda de calor em Portugal. Já em relação aos outros países europeus, o meteorologista reconheceu que as actuais temperaturas são mais elevadas do que o normal para a época na Europa Central e Ocidental, com excepção das Ilhas Britânicas e da parte Oeste da Península Ibérica.

A onda de calor meteorológica é um conceito técnico que se define pelo facto de a temperatura estar mais de cinco graus acima da média e durante pelo menos seis dias consecutivos. Ricardo Tavares disse que em Portugal, até 30 de Junho, houve algumas zonas que já preencheram os critérios de uma onda de calor, nomeadamente no interior Norte e interior Centro. A Sul, as temperaturas mantiveram-se acima da média apenas durante cinco dias.

O IPMA decidiu, ainda assim, fazer um novo comunicado sobre o assunto nesta quinta-feira. Na nota, o instituto explica precisamente que “uma massa de ar quente continental, afectará, na primeira semana de Julho de 2015, a maior parte da Europa. Assim, a temperatura máxima na Europa Central e Ocidental, com excepção da parte Oeste da Península Ibérica e das ilhas Britânicas, estará bastante acima do normal, podendo atingir valores próximos de 40ºC”. Em relação a Portugal, o IPMA frisa que, apesar do calor, a temperatura no fim-de-semana deverá ficar “abaixo dos [valores] atingidos nos dois últimos fins-de-semana”.

Com ou sem onda de calor, a Direcção-Geral da Saúde  (DGS) reconheceu na quarta-feira que os últimos dias tiveram como efeito um “pequeno aumento da mortalidade”. A própria Linha de Saúde 24 registou, desde o dia 20 de Junho, um aumento de chamadas devido a sintomas relacionados com as altas temperaturas, passando da média de nove chamadas diárias para as 13.

A DGS tem também activado o plano de contingência para o calor e, no domingo, fez um comunicado em que alertava que, perante a subida das temperaturas, as pessoas devem procurar “ambientes frescos e arejados ou climatizados e evitar a exposição directa ao sol, principalmente entre as 11 e as 17 horas”. Recomenda-se também o aumento da ingestão de água e que se evitem bebidas alcoólicas e que se dê “atenção especial a grupos mais vulneráveis ao calor, tais como, crianças, idosos, doentes crónicos, grávidas, pessoas com mobilidade reduzida, trabalhadores com actividade no exterior, praticantes de actividade física e pessoas isoladas e em carência económica e social”.

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