Técnicos superiores de saúde suspendem greve após promessa de aumento em 2018

Protestos agendados para sexta-feira em todo o país foram cancelados, na véspera de reunião com representantes dos ministério da Saúde e das Finanças

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RUI GAUDêNCIO

Os técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica vão finalmente ter as suas carreiras actualizadas, mas o novo estatuto remuneratório só terá efeitos práticos a partir de 2018. Foi o acordo possível, ao fim de 15 dias de greve, que nesta quinta-feira foi suspensa, depois de ter obrigado "ao adiamento de muitas consultas e cirurgias", explicou ao PÚBLICO Luís Dupont, vice-presidente do Sindicato dos Técnicos Superiores das Áreas de Diagnóstico e Terapêutica (STSS).

"O estatuto de carreira ficará enquadrado ao nível superior, o que já devia ter acontecido há 16 anos. Era uma questão de dignidade", enfatizou o dirigente sindical, que explica que os técnicos de diagnóstico e terapêutica, que são cerca de 10 mil em todo o Serviço Nacional de Saúde, auferem 1020 euros brutos por mês em início de carreira, passando no futuro a receber 1200 euros, à semelhança dos enfermeiros. Os protestos que estavam agendados para sexta-feira em todo o país foram, entretanto, cancelados.

Para esta sexta-feira está agendada uma reunião com representantes dos ministérios da Saúde e das Finanças em que vai arrancar a primeira fase deste processo negocial, depois de os projectos de diploma com a revisão das duas carreiras públicas dos técnicos de diagnóstico e terapêutica (que representam 22 profissões e abrangem áreas como as análises clínicas, a radiologia, a fisioterapia, a terapia da fala) terem sido enviados pelo Governo, que se comprometeu a negociar as questões com impacto orçamental.

"Vamos ser finalmente integrados nos corpos especiais de saúde. Ficamos enquadrados ao nível de técnicos superiores, à semelhança, por exemplo, dos enfermeiros. Mas o [novo] estatuto remuneratório só avança em 2018. As decisões com impacto financeiro só podem entrar em vigor em 2018. Tivemos que ceder", precisou Luís Dupont.

Em comunicado, o sindicato tinha antes esclarecido que os projectos de diploma enviados pelo Governo, tal como o compromisso de negociação das matérias com impacto orçamental, designadamente a produção de efeitos remuneratórios, respondia em parte às suas reivindicações. Foram entretanto "efectuadas propostas de correcção a alguns aspectos técnicos dos diplomas que o sindicato já sabe que serão acolhidas na reunião” com o Governo, frisaram.

Face aos avanços nas negociações, a direcção nacional decidiu suspender a greve e retomar o regime normal de trabalho, ficando assim canceladas as concentrações em frente aos hospitais de S. José (Lisboa), de Santo António (Porto), do hospital da Universidade de Coimbra e do hospital de Faro.

A greve que agora terminou afectou “praticamente todos os serviços de saúde, com especial incidência nos blocos operatórios, altas e internamentos hospitalares”, afirma o sindicato.

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