Supercola salva bebé de três semanas com aneurisma

Técnica raríssima, que terá sido utilizada em menos de 20 pessoas no mundo, tratou bebé com um aneurisma.

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É muito raro os bebés terem aneurismas Joel Saget/AFP (arquivo)

Uma técnica raríssima salvou uma bebé de apenas três semanas em Kansas City, no estado de Kansas, Estados Unidos. A técnica consistiu em introduzir supercola para colar a parede de um vaso sanguíneo de um recém-nascido que sofreu um aneurisma.

O mal já é raro, Ashlyn Julian sofreu de um aneurisma antes de fazer um mês, numa idade muito pouco comum para haver uma dilatação da parede de um vaso sanguíneo do cérebro que cria uma espécie de bolha interior de sangue. Se esta bolha rebentar, pode causar muitos danos no cérebro. Normalmente o aneurisma leva anos a crescer.

Mas o tratamento que a bebé recebeu ainda é mais extraordinário. Segundo o pediatra e neurocirurgião Koji Ebersole, que fez a operação no Hospital da Universidade de Kansas, esta técnica da supercola terá sido usada menos do que 20 vezes, talvez nunca em bebés com tão pouco tempo.

Gina Julian teve Ashlyn a 16 de Maio. O parto correu normalmente e a recém-nascida foi para casa. Mas passados alguns dias a bebé começou a mostrar-se cansada e a vomitar. Os pais levaram-na a uma clínica pediátrica onde, depois de Ashlyn realizar um exame de ressonância magnética, descobriram que a filha tinha um aneurisma do tamanho de uma azeitona.

O tratamento começou na quarta-feira depois de a bebé ter uma segunda hemorragia. Mas a complexa cirurgia que durou apenas 45 minutos resolveu o problema. Uma equipa de cirurgiões de vários hospitais introduziu um pequeno cateter por um vaso sanguíneo da anca direita da bebé. Depois, Koji Ebersole navegou com o cateter até ao pescoço.

Com a ajuda de um sistema que gera imagens dos vasos sanguíneos do cérebro a partir de dois ângulos diferentes, o cirurgião conseguiu enfiar o microcateter pelos vasos sanguíneos do cérebro até chegar à localização do aneurisma. Aí, depositou uma porção de supercola esterilizada no vaso sanguíneo afectado. A cola secou em segundos, selando a parede do vaso sanguíneo. “É literalmente o mesmo composto da supercola que se encontra nas lojas”, disse Ebersole, citado pelo jornal The Kansas City Star.

Normalmente, os aneurismas tratam-se com uma intervenção no cérebro, abrindo o crânio, mas no caso de Ashlyn, o sangue que ela perderia neste tipo de cirurgia poderia ter sido um risco para a sua vida, por isso os médicos optaram por aquele método.

Na sexta-feira, Ashlyn já estava a recuperar no quarto do hospital. Agora, o que falta fazer é drenar o resto do sangue que se libertou do aneurisma. É muito provável que nunca se descubra a causa deste problema, mas os médicos acreditam que daqui a seis meses a bebé será uma criança normal. “Não consigo expressar o quão incrivelmente sortudos nos sentimos”, disse Gina Julian, agradecendo ao pediatra.

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