Sócrates irá votar sem escolta policial

PSP ainda pode optar por acompanhar a deslocação do ex-primeiro-ministro à distância, de forma discreta.

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Defesa de Sócrates diz que “isto não é uma investigação, é uma perseguição”. AFP/JEAN-CHRISTOPHE VERHAEGEN

A defesa do ex-primeiro-ministro José Sócrates disse nesta sexta-feira à agência Lusa que o antigo governante socialista irá votar "sem escolta policial". Uma fonte da esquadra das Olaias, responsável por assegurar a vigilância da casa onde Sócrates está em prisão domiciliária, confirmou ao PÚBLICO que as indicações existentes, neste momento, são para deixar sair o antigo governante, sem qualquer acompanhamento. No entanto, a PSP ainda poderá optar por acompanhar a deslocação à distância, de forma discreta e através de agentes à paisana.

Contactado pelo PÚBLICO, o porta-voz da PSP, Paulo Flor, disse não dispor de qualquer informação sobre esta questão.

A defesa adiantou à Lusa que "o juiz [do Tribunal Central de Instrução Criminal] em lado nenhum determinou que haveria lugar a escolta policial" para no domingo acompanhar José Sócrates até à secção de voto, em Lisboa.

Há dias, a juíza-presidente da Comarca de Lisboa, Amélia Almeida, confirmou ao PÚBLICO que os despachos do mesmo juiz de instrução a autorizar a saída de Ricardo Salgado e de Armando Vara para votarem no domingo não incluíam qualquer referência ao eventual acompanhamento policial. “No despacho apenas se diz que os arguidos exercerão o direito de voto de acordo com a lei eleitoral”, adiantou a magistrada, admitindo que tal não significa que não haverá qualquer tipo de vigilância.

Parece ser claro, neste momento, que Sócrates não irá deslocar-se à assembleia de voto numa viatura policial, mas pelos seus próprios meios.

Ao contrário do seu amigo Armando Vara, arguido no mesmo processo, Sócrates decidiu não pedir autorização ao juiz para ir votar, comunicando apenas a Carlos Alexandre que pretendia sair de casa com esse propósito.

O advogado de José Sócrates disse à agência Lusa que, "por questões de dignidade pessoal" e "para não condicionar o acto eleitoral", o ex-primeiro ministro jamais votaria "com escolta policial".

"O engenheiro José Sócrates nunca aceitaria votar, como várias vezes o disse, com escolta policial por razões de dignidade pessoal e para não condicionar o acto eleitoral", disse João Araújo em declarações à Lusa. "Essa escolta [policial] não existirá", acrescentou.

José Sócrates foi detido a 21 de Novembro de 2014, no aeroporto de Lisboa, indiciado pelos crimes de fraude fiscal qualificada, branqueamento de capitais e corrupção passiva para acto ilícito, tendo ficado preso preventivamente no Estabelecimento Prisional de Évora. A medida de coacção foi alterada para prisão domiciliária, com vigilância policial, a 4 de Setembro.

 

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