Sindicatos dos professores com posições dissonantes em relação às escolas independentes

Guião para a reforma do Estado.

Foto
Mário Nogueira na última manifestação de professores, a 15 de Junho Miguel Manso

As duas federações de sindicatos dos professores não convergem na avaliação do modelo de escolas independentes proposto pelo governo. Enquanto a FNE mostra abertura à possibilidade de serem os próprios docentes a gerir os estabelecimentos de ensino, a Fenprof rejeita a ideia e acusa o governo de estar a usar um subterfúgio para entregar escolas públicas à gestão de privados.

“Sabemos quem são os professores de que eles falam”, diz Mário Nogueira, da Fenprof. O governo admite que os professores possam associar-se para garantir a concessão de estabelecimentos de ensinos da rede pública, mediante a contratação com o Ministério da Educação. Para o dirigente sindical, os grupos de docentes que avançarão para a gestão dos estabelecimentos de ensino “já existem”. “Estão nos colégios privados, por exemplo”, acusa.

Nogueira entende que esta proposta do governo é apenas uma forma de entregar as escolas da rede pública à gestão privada: “Agora até permitem que possam usar as próprias instalações do Estado. Escusam de ter o trabalho de construir edifícios”. O secretário-geral da Fenprof afirma ainda que esta não é uma experiencia bem-sucedida noutros países a aponta uma contradição à tutela: Se os professores são bons para gerir as escolas, por que está o ministério permanentemente a afastá-los?”.

Já a Federação Nacional da Educação demonstra abertura para debater este modelo. “Sempre dissemos que não há melhores gestores das escolas do que os professores”, considera Lucinda Dâmaso, vice-secretária-geral. “Não somos gestores de empresas, mas temos uma componente pedagógica que tem que estar sempre à frente”, acrescenta.

A dirigente coloca, porém, algumas reservas, uma vez que é preciso uma análise mais pormenorizada da proposta, para que os professores possam saber ao certo o que têm em mãos. De resto, a FNE coloca como necessidade fundamental garantir que, com o modelo das escolas independentes, não está a ser aberta a porta para que o Estado “se demita da Educação”.

“Aceitamos que possam ser os professores a gerir, mas o Estado tem sempre que estar a ver o que se passa”, sustenta Lucinda Dâmaso.

 

Sugerir correcção
Comentar