Sete portugueses esfaqueados nos arredores de Berlim

Quatro dos trabalhadores, todos da construção civil, ficaram gravemente feridos. Polícia está a investigar.

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Quatro dos portugueses atacados continuam hospitalizados com múltiplos ferimentos de arma branca AFP

Sete portugueses a trabalhar na construção civil perto de Berlim, na Alemanha, foram esfaqueados na passada sexta-feira por um grupo de dez a 17 homens cuja nacionalidade a polícia alemã ainda está a tentar apurar. As autoridades descartam, para já, a possibilidade de se tratar de um crime de ódio.

Com idades entre os 36 e os 55 anos, os trabalhadores portugueses dirigiam-se para casa, em Adlershof, a cerca de 15 quilómetros da capital alemã, quando foram atacados com armas brancas. Quatro ficaram gravemente feridos, permanecendo ainda internados, e os restantes três sofreram apenas ferimentos ligeiros e tiveram alta pouco tempo depois, segundo o jornal Berliner Zeitung.

O tablóide adianta ainda que a polícia está a investigar a autoria do crime, numa tarefa que estará a ser dificultada pelo facto de alguns dos feridos não estarem em condições de fornecer quaisquer elementos. Até agora não terão sido encontradas quaisquer evidências de se ter tratado de um episódio xenófobo.

Citado pela agência lusa, o porta-voz da polícia de Berlim, Michael Gassen, sustentou-se no relato de testemunhas oculares para afirmar que o ataque foi “premeditado”, mas excluiu, pelo menos para já, qualquer motivação de ordem racial.

O tablóide alemão admite que por detrás do ataque possam estar “negócios menos claros” da construção civil, pontuados por subcontratações irregulares, bem como pela exploração dos trabalhadores e por irregularidades no pagamento dos salários, impostos e contribuições para a Segurança Social. Segundo o diário, a denúncia deste tipo de situações por parte dos trabalhadores costuma ser seguida de represálias e actos intimidatórios. Não será rara a contratação, por parte destas empresas, de grupos criminosos para o efeito.

Esta hipótese ganha mais força pelo facto de as autoridades alemãs estarem a concentrar as investigações na obra onde trabalham os sete portugueses. Questionado sobre se o ataque poderá ter estado relacionado com algum desentendimento laboral, Michael Gassen confirmou ser essa a pista que a polícia está a seguir.

Questionada pelo PÚBLICO, a Embaixada de Portugal em Berlim disse desconhecer o incidente.

Mais tarde, José Cesário, secretário de Estado das Comunidades, disse à TSF ter dado indicações à embaixada em Berlim para contactar os emigrantes portugueses agredidos.

E um deles, à mesma rádio, contou que só na tarde desta segunda-feira recebeu a visita de um representante da embaixada.

 

 
 
 
 

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