Seja em Agosto

Houve verões piores do que este, certamente - e não foram poucos.

No Domingo passado Ricardo Garcia escreveu uma reportagem inesquecível no PÚBLICO, daquelas que se recortam e guardam, para arrumar discussões futuras. As infografias eram claras e interessantes, por mostrarem mais ou menos o contrário do que pensamos neste momento - ou sempre que o Verão não corresponde, por mais de dois dias seguintes, àquilo que esperamos dele.

O título, magnífico, era: "Nunca se viu um Verão assim? Não é verdade". E a primeira frase era melhor ainda: "Memória meteorológica é algo que ninguém tem".

No dia em que escrevo, o último de Julho, com o céu carregado a fazer-me torcer o nariz, releio o trabalho de Ricardo Garcia e só me apetece gritar. O Instituto Português do Mar e da Atmosfera é uma admirável instituição e enriquece as nossas vidas mas não há estatísticas nem factos que possam consolar a experiência subjectiva de cada um.

Hoje é dia 1 de Agosto e aqui declaro que desafio o mês de Agosto a não ir atrás das depressões de Julho e a mostrar-se o Agosto que todos nós sabemos que pode ser.

Houve verões piores do que este, certamente - e não foram poucos, como ficou provado - mas, destituído de memória metereológica como toda a gente, gostaria de registar que, de todos os verões de que me lembro, este é, de longe, o pior de todos.

No entanto - ó mesinho de Agosto - ainda vai a tempo de se pôr bom. Ainda falta quase metade do Verão. Nem venhas com histórias de ser em Setembro que estará mesmo bom. Deslumbra-nos já!

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