Segundo abutre-preto nasce no Alentejo, após "regresso" da reprodução em 2015

A reprodução da espécie em perigo de extinção no Alentejo foi possível graças às medidas implementadas no âmbito do projecto LIFE.

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A ave esteve mais de 40 anos sem reproduzir no Sul de Portugal Manuel Roberto

A Liga para a Protecção da Natureza (LPN) anunciou esta quarta-feira o nascimento do segundo abutre-preto registado no Alentejo desde o ano passado e após mais de 40 anos sem a ave se reproduzir no sul de Portugal.

Trata-se do nascimento "pelo segundo ano consecutivo" de um cria de abutre-preto no Alentejo e de "um resultado muito encorajador", que dá "continuidade ao "desejado restabelecimento de um núcleo reprodutor" da ave no sul de Portugal", frisa a LPN.

A cria é a segunda a nascer no Alentejo desde 2015, quando a espécie voltou a reproduzir-se e nasceu o primeiro abutre-preto na região, após mais de 40 anos sem reprodução confirmada da ave a sul do rio Tejo em Portugal, refere a LPN, num comunicado enviado à agência Lusa.

Segundo a LPN, a cria nasceu de um ovo incubado "com sucesso" por um dos quatro casais de abutre-preto que estão a nidificar, durante a época de reprodução deste ano, em ninhos artificiais instalados na Herdade da Contenda, no concelho de Moura, distrito de Beja, no âmbito do projecto LIFE para promoção do habitat do lince-ibérico e do abutre-preto no sudeste de Portugal.

O nascimento da cria foi confirmado durante a monitorização efectuada aos quatro casais reprodutores, que foram detectados, no passado mês de Março, em plataformas artificiais de nidificação instaladas na Herdade da Contenda, propriedade da Câmara de Moura.

De acordo com os ecologistas, a cria, que, actualmente, tem quase três meses, foi "recentemente" marcada com uma anilha, o que permitirá identificá-la quando deixar o ninho.

Através de uma análise genética para determinar o sexo da cria, foi possível confirmar tratar-se de um macho, que está "em perfeitas condições físicas" e deverá manter-se no ninho "durante as próximas semanas", até adquirir a capacidade de voar.

A reprodução da espécie, "criticamente em perigo de extinção" no Alentejo, foi possível "sobretudo" graças às medidas implementadas no âmbito do projecto e da "indispensável colaboração" da empresa municipal de Moura Herdade da Contenda e da sua "adequada gestão da área", indica a LPN.

A mesma organização lembra que, até 2015, havia mais de 40 anos sem reprodução de abutre-preto confirmada a sul do rio Tejo em Portugal, tendo neste período "apenas sido registada uma tentativa de nidificação (falhada)" em 1996 e também na Herdade da Contenda.

De acordo com a LPN, o abutre-preto regressou como reprodutor a Portugal, em 2010, na região do Tejo Internacional.

Actualmente, estão a nidificar apenas cerca de 15 casais no Tejo Internacional, um casal no Douro Internacional e os quatro na Herdade da Contenda no Alentejo, o que corresponde ao estabelecimento do terceiro núcleo reprodutor da espécie no país.

No início de 2012, no âmbito do projecto LIFE "Habitat Lince Abutre", foram instalados um total de 30 ninhos artificiais para abutre-preto no Alentejo, nas regiões de Moura, Mourão e Barrancos e do Vale do Guadiana, para "melhorar as condições para o estabelecimento e reprodução" da espécie.

Além da instalação dos ninhos, foi também criada uma rede de campos de alimentação para aves necrófagas na área de implementação do projecto, dirigida ao abutre-preto, e um conjunto mais vasto de medidas de conservação do lince-ibérico e dos habitats das duas espécies, incluindo a sensibilização e o envolvimento das comunidades locais, num investimento de cerca de 2.250.000 euros ao abrigo do Programa LIFE-Natureza.

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