Retratos de utilizadores da ADSE: Jaime Ribeiro saiu por causa dos descontos

O médico de 59 anos está entre os menos de 800 beneficiários que nos últimos dois anos decidiram sair.

Mais de 30 anos depois de ter começado a ter ADSE, o psiquiatra Jaime Ribeiro decidiu sair do sistema em Novembro de 2013, sendo que quando o beneficiário toma esta iniciativa ela é definitiva e irreversível.

Com os aumentos das contribuições nos últimos anos, o médico do Centro Hospital Psiquiátrico de Lisboa já estava a descontar mais de 100 euros por mês do seu vencimento para o sistema e, perante o anúncio de novas subidas, achou que não fazia sentido manter-se com esta cobertura.

O médico de 59 anos está entre os menos de 800 beneficiários que nos últimos dois anos tomaram esta opção, sendo que mais de 400 o fizeram em 2013. Um número que, ainda assim, é residual perante o total de 1,2 milhões de funcionários públicos, aposentados e familiares com acesso ao sistema.

“Mas sei que sou um caso diferente, porque além de ser médico e conhecermos sempre melhor as vias alternativas, sou efectivo também nos SAMS (Serviços de Assistência Médico-Social do Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas)”, explica, acrescentando que tem por isso acesso a este serviço e que o poderá manter mesmo após a reforma. “O sistema bancário dá-me uma segurança que me permitiu sair e tem coberturas muito semelhantes às da ADSE. Sai mais caro se for a outros hospitais, mas com o que poupo por mês compensa”.

Questionado sobre as coberturas em caso de doenças mais dispendiosas, Jaime Ribeiro diz que nos SAMS também não há problema de plafonds na oncologia ou nas doenças infecto-contagiosas – que são os casos onde acredita haver mais problemas em encontrar um seguro privado à altura. Sobre o futuro da ADSE, Jaime Ribeiro diz que a percepção que tem é que a maior parte dos colegas, por a saída ser definitiva, acabam por se manter no sistema.

Apesar de perceber que as circunstâncias financeiras mudaram e de concordar com parte dos aumentos, entende que se ultrapassaram alguns limites, lembrando que esta era uma “pequena compensação” para os funcionários públicos, “à semelhança dos seguros que muitas empresas privadas dão aos trabalhadores”, e sublinhando que “muitos funcionários públicos têm uma formação superior, sendo esta uma contrapartida de ordenados mais baixos”. “Agora com as novas contribuições penso que a ADSE até terá um pouco de lucro, mas, mesmo assim, penso que o sistema não durará mais do que cinco anos. Mesmo sendo um pequeno benefício para quem trabalha no Estado, as críticas vão acabar com ela”, remata o médico.

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