No ano passado, a média do exame de Matemática A esteve entre as melhores de sempre, com os alunos internos — aqueles que frequentam as aulas até ao fim — a alcançarem um resultado redondo de 12 numa escala de 0 a 20. Mas a prova de 2016, que foi realizada nesta quinta-feira por 45.902 alunos (faltaram 3097), tem um “nível de dificuldade global ligeiramente superior à de 2015”. A opinião é da Sociedade Portuguesa de Matemática (SPM).

“Provavelmente os resultados não serão tão bons como os do ano passado”, antevê o dirigente da Associação de Professores de Matemática (APM), Jaime Carvalho e Silva. Porquê? Devido à “extensão” do exame, adiantou, em declarações ao PÚBLICO.

“É uma prova bem construída, não é repetitiva, mas para a sua resolução manuscrita um professor ocupou 13 páginas, o que nos faz supor que um aluno precisaria de 15, o que não se faz em duas horas e meia”, que é o tempo regulamentar do exame, especificou.

Critérios de correcção do exame de Matemática do 12.º ano

Existe mais meia hora de tolerância, mas, como adianta o responsável da APM, este tempo suplementar deve ser sobretudo aproveitado para rever as respostas ou alguns cálculos. No que é ainda uma “apreciação preliminar” do exame, a extensão é mesmo o único problema apontado pela APM a esta prova, mas que poderá ter impacto nos resultados.

“Fácil”, “muito trabalhoso”, foram estas as impressões finais dos alunos da Escola Secundária da Maia ouvidos pelo PÚBLICO à saída do exame. Também uma das suas professoras, Júlia Ferreira, reconhece que o exame era “muito trabalhoso”. Comparativamente com o do ano passado, “este era bem menos linear” e “a parte da geometria era bem mais fácil no ano passado”.

No parecer divulgado nesta quinta-feira sobre o exame do 12.º ano, a SPM congratula-se pelo facto de as questões apresentadas no Grupo II permitirem “valorizar o trabalho dos alunos mais empenhados”, o que classifica como sendo “saudável”. Tal acontece porque naquele grupo existem “questões de diversos níveis de dificuldade, com uma distribuição entre perguntas de vários tipos (capacidade de análise com e sem a calculadora, questões de cálculo e conceptuais, etc.)” que a SPM entende ser “equilibrada”. Já no Grupo I, acrescenta, as questões “são, na generalidade, fáceis”.

Nos últimos cinco anos, as médias dos alunos internos no exame de Matemática A, que é uma das quatro provas mais concorridas do secundário, subiram três vezes a valores positivos, tendo batido o recorde em 2015. O valor mais baixo neste período de tempo (9,2) foi registado em 2014.

Nesta quinta-feira realizaram-se também os exames de Matemática Aplicada às Ciências Sociais, feito por 10.205 alunos, e de Matemática B, que foi realizado por 2503. Este último exame é destinado aos alunos do curso de Artes Visuais. Os exames voltarão na segunda-feira com as provas de Geometria Descritiva e de Literatura Portuguesa.

Será o último dia desta 1.ª fase dos exames, que é obrigatória para todos. Quem chumbar ou quiser subir as notas, que serão conhecidas a 13 de Julho, poderá voltar a tentar na 2.ª fase, que arranca seis dias depois. Quem tiver dúvidas sobre os resultados alcançados e quiser consultar as provas terá de fazê-lo nos dois dias úteis seguintes ao da afixação das pautas. com Natália Faria