Quando a ilha do Fogo se incendeia

Diz a Enciclopédia Geográfica que um “vulcão” é uma  “abertura que se forma num ponto fraco da crosta terrestre, através da qual são projectadas para a superfície lavas — rochas em fusão provenientes de grandes profundidades —, cinzas e gases”. E explica que o termo deriva de Vulcano, “o nome do Deus do fogo romano”.

A palavra “vulcão” aplica-se “à chaminé” e “à montanha cónica de lava e de outros resíduos que se forma à sua volta”. De tempos a tempos, arde. Na ilha do Fogo, em Cabo Verde, o magma começou a jorrar passados 19 anos de acalmia. O calendário assinalava 23 de Novembro. Notícia: “Ao 16.º dia de erupção, a lava do vulcão (...) já engoliu duas localidades, destruindo casas, edifícios públicos, estradas e campos.” A ilha incendiou-se e as povoações Portela e Bangaeira já não existem. “Não houve registo de vítimas na pequena ilha de 37 mil habitantes.” Em linguagem informativa, não haver “vítimas” significa que ninguém morreu ou ficou ferido. Impossível será avaliar o sofrimento de quem vê desaparecer a sua casa, a sua aldeia e grande parte da sua memória territorial. Tudo incendiado por “lavas que saem do vulcão com uma velocidade média de 20 metros por segundos”.

Já chegou ajuda portuguesa para os 1500 deslocados de Chã das Caldeiras. O Governo cabo-verdiano manifestou “‘todo o apreço’ pela ‘excelente colaboração’” de Portugal. Alimentos, máscaras e óculos de protecção, casas de banho móveis, camas e cobertores, ambulâncias, entre outros apoios, estão na base do agradecimento de José Maria das Neves, primeiro-ministro do arquipélago.

Em sentido figurado, “vulcão” corresponde a “pessoa impetuosa”. No Brasil, é o mesmo que “salsa-ardente”. Na Europa, será sempre um assunto morno, desde que não envolva turistas brancos. Como as perturbações nas linhas aéreas pelas erupções do Etna (Itália, Janeiro de 2014) e do Eyjafjallajökull (Islândia, 2010). 

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