PSP nega reforço policial nos ministérios e diz que cenário de ocupação era expectável

Polícia diz que já contava com aquela possibilidade. Cerca de 60 manifestaram-se também terça-feira em frente à residência particular do primeiro-ministro.

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O Ministério da Economia foi um dos locais para onde os manifestantes se dirigiram Bruno Almeida

A PSP garante que o policiamento normal aos ministérios não será reforçado na sequência da ocupação de quatro edifícios levado a cabo terça-feira por vários manifestantes.

“Não houve qualquer reforço. Continua a existir o policiamento normal que já antes existia. Até porque as acções decorreram de forma pacífica e sem qualquer incidente a lamentar. O efectivo mantém-se o normal”, garantiu ao PÚBLICO o porta-voz do Comando Metropolitano da PSP de Lisboa, subcomissário Jairo Campos. O mesmo responsável garantiu que nenhum manifestante foi identificado pela PSP, “uma vez que as reivindicações ocorreram de forma pacífica e não houve a prática de qualquer crime”.

O Ministério da Administração Interna preferiu não comentar, sublinhando que "a situação está apenas na esfera da PSP”.

Segundo o Diário de Notícias, o efectivo policial nos ministérios teria sido reforçado com mais 300 agentes, na sequência da ocupação dos ministério da Economia, Finanças, Saúde e Ambiente durante a tarde de terça-feira. Vários sindicalistas invadiram os edifícios após a votação do Orçamento do Estado e saíram apenas depois de conseguirem reunir-se com os secretários de Estado ou obterem a garantia de um agendamento de reunião num futuro próximo.

Em frente à residência particular do primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, em Massamá, manifestaram-se também cerca de 60 pessoas com cartazes. O protesto, iniciado às 18h, terá durado uma hora e decorrido sem incidentes, segundo fonte da PSP. Para o local foi destacado um pequeno efectivo policial.

As ocupações dos ministérios surgiram com um carácter de surpresa, levando a crer que a PSP não estaria preparada para a situação. Porém, a Direcção Nacional daquela polícia garantiu ao PÚBLICO que já contava com aquele cenário.

“A PSP não foi apanhada de surpresa”
“A PSP não foi apanhada tão de surpresa como se diz em algumas notícias hoje. Até porque não é a primeira vez que situações semelhantes ocorrem e, por isso, um dos cenários expectáveis era este”, disse ao PÚBLICO, o porta-voz da Direcção Nacional da PSP, subcomissário João Moura.

O assunto foi abordado nesta quarta-feira durante o briefing que todas as manhãs decorre na Direcção Nacional da PSP. A polícia faz ainda questão de sublinhar que no interior dos ministérios não se encontravam apenas os agentes normalmente destacados para a guarda do edifício.

“Cada ministério tem uma bolsa de elementos do Corpo de Segurança Pessoal da Unidade Especial de Polícia (UEP). É normal que não os tenham visto. Estão sempre à civil”, esclareceu ainda. Foram aqueles os agentes que primeiro lidaram com a situação. Só depois a PSP enviou agentes fardados provenientes das esquadras de Lisboa.

Várias fontes da hierarquia superior da PSP, contactadas pelo PÚBLICO, descartam também qualquer mal-estar entre aquela polícia e o Serviço de Informações e Segurança (SIS), que normalmente recolhe informação que depois envia à PSP para esta ter em conta como avaliação de risco na decisão do policiamento a destacar.

As mesmas fontes garantiram não ter havido “falha” do SIS, até porque a própria PSP tem um núcleo de informação na UEP cuja missão é recolher e tratar informação fulcral para a tomada de decisão em eventos de maior risco, como são as manifestações.

O Gabinete do Secretário-Geral do Sistema de Informações da República Portuguesa (SIRP), no qual se integra o SIS, salientou ao PÚBLICO não ter "comentários a fazer sobre este assunto”.

Invasões no Dia Nacional da Indignação
A invasão dos ministérios foi, segundo o secretário-geral da CGTP, uma iniciativa do Dia Nacional da Indignação, Protesto e Luta, conforme denominou a central sindical o dia da aprovação do Orçamento do Estado para 2014. Neste sentido, o secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, já fez questão de sublinhar que o SIS não precisa de se preocupar com as acções da central sindical, como as invasões ocorridas.

"Creio que o SIS tem mais com que se preocupar do que com as lutas dos trabalhadores e as intervenções e acções da CGTP", afirmou Arménio Carlos à Lusa, acrescentando que os representantes da central sindical não pretendem gerar violência, mas "combater a violência das políticas" do Governo.

A invasão de ministérios é algo que tem ocorrido, amiúde, entre as acções de sindicalistas. Ainda há pouco mais de duas semanas, a 15 de Novembro, cerca de 30 membros da Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores das Funções Públicas e Sociais invadiram o Ministério da Justiça. Os activistas exigiam falar com a ministra Paula Teixeira da Cruz para debater questões de carreira. Também no início de Outubro, 40 professores contratados que estavam no desemprego decidiram ocupar as instalações do Ministério da Educação e Ciência.
 
 
 
 

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