Psiquiatra José Gameiro defende que crise “não afecta” relacionamentos nem aumenta divórcios

O especialista fala mesmo numa maior união entre as pessoas.

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Em 2010, o INE contava já 27.903 divórcios e 39.993 casamentos Hugo Delgado

O psiquiatra José Gameiro, autor do livro “Histórias do Manuel e da Maria: Até que o amor nos separe”, defendeu nesta quinta-feira em Macau que a crise em Portugal “não afecta” o relacionamento dos casais nem aumenta o número de divórcios.

Em Macau para uma “conversa aberta” integrada nas comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, José Gameiro garante não existir "qualquer evidência” que associe a instabilidade ou crise em Portugal ao aumento do número de divórcios.

“A tristeza e os momentos depressivos aumentaram, mas daí retirar a conclusão que as pessoas se divorciam mais por isso, não há evidências que suportem tal tese”, disse, em declarações à agência Lusa.

O psiquiatra fala mesmo, ‘lato sensu’, numa maior união entre as pessoas: “Os pais ajudam mais os filhos, apoiam mais os casais jovens”, disse, ao sublinhar que o provérbio ‘em casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão’ não se aplica à actual situação.

“Agora, não podemos ocultar que há uma crise de ansiedade nas pessoas. Mas também há uma maior união nas dificuldades”, afirmou.

Com uma vida profissional dedicada ao relacionamento entre casais, José Gameiro lembra que além de todos os factores que podem levar as pessoas ao divórcio existem quatro pontos que, na sua opinião, são fundamentais: “A crítica persistente do outro; a relação complicada com a família do outro; a desqualificação do que o outro sente e a infidelidade”.

O especialista salientou ainda que, no caso das traições, os divórcios acontecem mais quando quem trai se apaixona por outra pessoa, porque, em muitos casos, o casamento “até sai renovado”.

José Gameiro defende, por isso, que o casamento “funciona melhor se for um contrato a prazo renovável”, com objectivos, e que na actualidade “são as mulheres que mais procuram a separação porque não aguentam o casamento”.

“O tempo do homem chegar a casa, calçar os chinelos, ler o jornal e ver futebol na televisão já não é bem aceite pelas mulheres”, concluiu.

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