“Em vez de Prós & Contras só Prós. Ou se quisermos ser mais criativos: António Costa convida.” Foi neste tom sarcástico que a concelhia do PSD de Lisboa rematou a carta enviada à RTP, na qual se queixa da forma como foi conduzido o programa dedicado à capital, emitido na segunda-feira pela estação pública. Nesta quarta-feira, os sociais-democratas foram mais longe e apresentaram queixa na Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC).

A concelhia queixa-se da falta de pluralidade no programa conduzido por Fátima Campos Ferreira, que nesta segunda-feira tinha como tema “Lisboa nas bocas do mundo”. Na queixa enviada à ERC, a que a Lusa teve acesso, o PSD considera que o programa “não assegurou os princípios da independência e do pluralismo político-partidário”, consagrados na Constituição.

O programa foi emitido em directo do Museu Nacional de Arte Antiga, sem público, e contou com a presença do presidente da Câmara de Lisboa, António Costa (PS), a fadista Carminho, o director executivo da Start-Up Lisboa, João Vasconcelos, o director-geral do Turismo de Lisboa, Vítor Costa, e o director da Invest Lisboa, Rui Coelho.

Mauro Xavier, que assina a queixa pelos sociais-democratas, refere que "nenhuma das demais forças políticas representativas da cidade de Lisboa foram ouvidas no âmbito do referido programa televisivo" e aponta que o PSD "não foi convidado" a participar no programa.

"Incumbe à operadora televisiva RTP1 – Rádio e Televisão de Portugal, na qualidade de concessionária de um serviço público, garantir a efectiva expressão e o confronto das diversas correntes de opinião, em respeito pelo princípio do pluralismo político", defende.

Já na terça-feira, Mauro Xavier tinha escrito ao presidente do conselho de administração da RTP, Alberto da Ponte, apontando as mesmas críticas, num tom mais sarcástico. “No anúncio do tema, “Lisboa nas bocas do mundo”, pensámos nas enguiçadas obras da Ribeira das Naus ou na degradação das vias públicas. Foi mais o susto. Afinal eram duas horas de exaltação, salpicado com autocomentários. E nesse sentido o tempo de antena disponibilizado até foi curto.”

Admitindo que, enquanto “meros espectadores”, os sociais-democratas não podem fazer juízos sobre as escolhas da estação pública, Mauro Xavier deixa “uma única recomendação”: mudar o nome do programa.