PS diz que Governo tem feito greve na saúde, PSD fala em protesto “politizado”

Socialistas falam num "atraso civilizacional" no SNS, sociais-democratas acusam Federação Nacional dos Médicos e Ordem dos Médicos de prosseguirem agendas políticas alheias aos interesses dos doentes.

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Os partidos divergem sobre a disponibilidade do ministério para negociar Paulo Pimenta

O PS disse compreender o protesto dos médicos, que iniciaram nesta terça-feira uma greve de dois dias, e declarou que quem tem feito greve no sector tem sido o Governo, que tem feito cortes e potenciado um "atraso civilizacional". Uma posição oposta à do PSD, com o deputado Miguel Santos a falar num protesto “fortemente politizado” pela Federação Nacional dos Médicos e pelo bastonário, que acusou de prosseguirem agendas políticas alheias aos interesses dos doentes.

“O PS compreende a indignação dos profissionais de saúde e quer dar uma palavra àqueles que hoje não fazem greve, como sejam os administrativos, os auxiliares, os enfermeiros, todos os profissionais de saúde que se não fosse o seu esforço diário e a sua abnegação ao serviço público, o serviço público de saúde estaria em muito pior situação", declarou Álvaro Beleza, do Secretariado Nacional socialista, numa intervenção na sede do partido, em Lisboa.

O dirigente do PS, médico de profissão, advertiu que os cortes "que Governo fez em três anos" no sector da saúde "são o dobro do exigido pela troika", e não houve qualquer tipo de "reformas e modernização do sistema de saúde" neste período. "Aliás, parece que quem tem estado em greve tem sido o Governo, porque é um Governo de reacção e não de acção", advogou Álvaro Beleza. "Este caminho é insuportável, é um atraso civilizacional e os portugueses têm de dizer basta", reforçou, dizendo ainda que a nível partidário "todo o PS defende o SNS fundado por [António] Arnaut e tem orgulho nele".

Por seu lado, o deputado do PSD Miguel Santos considerou que a greve, independentemente da adesão que venha a ter, "é extemporânea e poderia ter sido perfeitamente evitada", sublinhando que acontece num momento "em que existe um diálogo com o Ministério da Saúde". "Na nossa perspectiva a greve está fortemente politizada por parte da Federação Nacional dos Médicos, afecta à CGTP, e por parte do bastonário dos Médicos, que estão a prosseguir uma agenda política própria que não é em defesa e não é a bem dos doentes e dos portugueses", defendeu o deputado, em declarações aos jornalistas, na Assembleia da República.

A Federação Nacional dos Médicos convocou para esta terça-feira e quarta-feira uma greve em protesto contra algumas medidas do Governo que dizem ameaçar o Serviço Nacional de Saúde. A publicação do código de conduta ética, a que os médicos chamam "lei da rolha", a reforma hospitalar, o encerramento e desmantelamento de serviços, a falta de profissionais e de materiais e a atribuição de competências aos médicos, para as quais não estão habilitados, são os principais motivos na base da convocação desta greve. Ao contrário da greve de 2012, esta não terá a participação do Sindicato Independente dos Médicos.

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