Protecção civil vai avaliar segurança de milhares de edifícios escolares e hospitalares

Lançado novo site sobre redução do risco de catástrofes e manual de boas práticas sobre cidades resilientes.

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As novas unidades escolares chegam a ter mais de quatro mil alunos paulo pimenta

A segurança dos milhares de edifícios onde funcionam escolas e hospitais do país serão avaliadas no próximo ano. Esta é uma das acções da Plataforma Nacional para a Redução do Risco de Catástrofes (PNRRC), coordenada pela Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC). A ideia é desenvolver fichas de auto-avaliação dos edifícios, que serão depois preenchidas pelos responsáveis das escolas e dos hospitais, um método utilizado no Estudo do Risco Sísmico e de Tsunamis do Algarve, que detectou fragilidades significativas naquele tipo de infra-estruturas.

Patrícia Pires, membro da sub-comissão da ANPC que operacionaliza a plataforma nacional, adianta que o estudo irá arrancar pelas escolas básicas. “Será lançado primeiro um piloto, que irá ajudar a definir com mais rigor a metodologia”, afirma a responsável, que acrescenta que além das fichas também haverá equipas de peritos a visitar os locais. A própria sede da ANPC foi sujeita nos últimos dois meses a diversos testes e sondagens para avaliar a sua resistência a eventuais catástrofes. Os resultados finais ainda não são conhecidos, mas as análises preliminares não apontam para problemas graves.

O estudo do Algarve, concluído em Dezembro de 2008, avaliou um total de 378 recintos escolares, que incluíam 572 edifícios onde estudavam 76.500 alunos. A vulnerabilidade sísmica de cada edifício teve por base uma grelha realizada a partir da observação de danos ocorridos em sismos, tendo em conta o tipo de estrutura, o número de pisos, o tipo de lajes de piso e de cobertura e a data de construção. A análise permitiu definir um nível de vulnerabilidade que varia entre o 0,0 (ausência de vulnerabilidade) e 1 (vulnerabilidade total). Os resultados foram apresentados em 13 categorias de edifícios, consoante os níveis de ensino disponibilizados por cada um dos recintos. Todas as infra-estruturas apresentaram uma vulnerabilidade superior a 0,4. A maioria das escolas apresenta uma vulnerabilidade entre o 0,4 e os 0,6. Há, contudo, duas escolas - que possuem jardim de infância, 1º e 2º ciclo do ensino básico – que detinham um nível de vulnerabilidade 0,7.

Esta terça-feira assinala-se o Dia Internacional para a Redução de Catástrofes, um pretexto para o lançado um site da PNRRC (www.pnrrc.pt), a entidade nacional que dá corpo à Estratégia Internacional para a Redução de Catástrofes, lançada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2000. Para exemplificar a importância da segurança deste tipo de infra-estruturas, a ONU recorda um sismo em Outubro de 2005 no Paquistão que destruiu 7500 escolas, matando cerca de 17 mil crianças.

A data também foi escolhida para lançar um manual de boas práticas das sete cidades portuguesas que integram a rede da ONU das cidades resilientes: Amadora, Cascais, Funchal, Lisboa, Odivelas, Setúbal e Torres Vedras. O livro – Cidades Resilientes em Portugal – encontra-se disponível no site da plataforma e condensa os vários projectos levados a cabo por cada um dos municípios. A Câmara da Amadora foi a primeira a entrar na rede e nos últimos cinco anos desenvolveu perto de 600 acções de informação e sensibilização para os riscos naturais e tecnológicos existentes no concelho. “Estas acções abarcaram cerca de 40 mil pessoas”, diz com orgulho Luís Carvalho, responsável pelo serviço municipal de protecção civil. O ano passado a autarquia lançou uma campanha destinada aos idosos, nos lares do município. “Neste momento já temos 30 seniores, utentes destas instituições, a trabalharem connosco e a servirem como intermediários dos nossos avisos”, exemplifica.

Em Setúbal, a identificação dos riscos existentes no concelho deu origem a inúmeras medidas no terreno. “As nossas escolas do ensino básico realizam dois exercícios de evacuação por ano”, adianta Nuno Sousa, da protecção civil municipal. Todos os anos há simulacros que testam diferentes áreas do socorro. No centro histórico nasceram vários postos de comunicação SOS, semelhantes aos existentes nas auto-estradas, e cinco painéis informativos com equipamentos digitais que permitem alertar e informar os cidadãos.

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