Professores têm "provas" de problemas com critérios no exame de Português

Instituto de Avaliação Educativa refuta denúncia divulgada pelo PÚBLICO de que foram aplicados critérios diferentes para classificar respostas idênticas.

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Protesto dos docentes começa no dia 7, coincidindo com os exames RUI GAUDÊNCIO

A Associação Nacional de Professores de Português ( Anproport) garantiu, nesta quarta-feira, que tem provas das denúncias que fez sobre o processo de classificação do exame de Português do 12.º ano, o qual, sustenta, “não garante, com rigor, a equidade” entre os alunos uma vez que nem todos os professores classificadores tiveram acesso às mesmas informações.

”Fizemos eco de situações que nos foram transmitidas e das quais temos evidências. Por estarem comprovadas estas situações, entendemos que há fundamento para termos emitido o nosso parecer”, afirmou ao PÚBLICO a coordenadora do Grupo de Trabalho do Ensino Secundário da Anproport, Rosário Andorinha, pouco depois de o Instituto de Avaliação Educativa (Iave) ter enviado um esclarecimento à comunicação social a propósito da notícia do PÚBLICO feita com base naquele parecer, em que repudia as críticas apresentadas “pela sua inconsistência e falta de fundamento”.

Segundo o Iave, que é o organismo responsável pela elaboração dos exames e dos critérios de classificação e também por todo o processo de classificação das provas, a denúncia feita veio causar uma “inusitada e despropositada perturbação” entre os alunos, famílias e professores. No esclarecimento enviado nesta quarta-feira, o Iave garante que todos os professores classificadores “estão em igualdade de circunstâncias no que se refere ao acesso a um coordenador do processo de classificação, à possibilidade de exposição das suas dúvidas e de com ele obterem os devidos esclarecimentos”.

A responsável da Anproport reafirma, a este respeito, que lhes foram relatadas situações em que tal não aconteceu. Não só houve “questões levantadas por classificadores que ficaram sem resposta”, como outras tiveram respostas diferentes ou seja, para as mesmas perguntas houve critérios distintos a serem aplicados.

No seu parecer, a Anproport apresenta vários exemplos de questões para as quais não foram dadas as mesmas indicações quanto ao modo de classificar as respostas dadas pelos alunos. No seu esclarecimento, o Iave refuta-os,  mas acaba por dar razão à “ambiguidade” denunciada pela associação, frisa Rosário Andorinha.

Segundo a associação, nas perguntas sobre um  poema de Sophia de Mello Breyner Andresen  houve “um pequeno leque de classificadores” a quem foi dada a informação de que não deveriam utilizar a pontuação máxima (12 pontos) caso “o aluno referisse a poeta/poetisa/autora”, enquanto a outros foi transmitido que tal não implicaria um desconto de 12 para 9 pontos na cotação daquelas respostas.

O Iave esclarece que esta “foi uma das questões abordadas na reunião com os formadores, concluindo-se que terá sempre de ser perspectivada pelos professores classificadores, em função dos contextos específicos em que as mesmas ocorrem”. A solução para esta questão não foi incluída nos critérios finais de classificação.

“O que quer dizer isso de ser perspectivado? Que cada um vai entender a seu modo”, frisa Rosário Andorinha, acrescentando que a associação fez, neste caso, o trabalho que lhe compete, “por se preocupar com os docentes e sobretudo com os alunos”. “Não é possível que tal aconteça num exame nacional, que ainda por  cima é obrigatório para todos os alunos”, conclui.

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