Professores gritam demissão à porta do Ministério da Educação

Protesto Meet no MEC foi convocado através do Facebook e juntou uma centena de docentes em Lisboa.

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Protesto decorreu em frente ao Ministério da Educação Laura Haanpaa

Cerca de 100 professores, a maior parte dos quais contratados, mas também docentes do quadro, juntaram-se esta tarde em frente ao Ministério da Educação Ciência (MEC), em Lisboa, para exigir a demissão do ministro da Educação e Ciência, Nuno Crato, por considerarem que, entre outros motivos, o processo de colocação dos professores através da Bolsa de Contratação de Escola (BCE) é “kafkiano e confuso”.

Em causa, está o facto de os professores sem vínculo afirmarem que há um erro matemático na colocação de professores que nesta segunda-feira estão a chegar às escolas, através da BCE, para preencher 2500 dos 3473 horários que ainda estão em falta. Uma das organizadoras do protesto, Belandina Vaz, considera que a fórmula usada neste processo é “completamente ridícula, aleatória e errada” e “não se consegue perceber os critérios” em causa. “Um ministro que dizia que queria a Matemática como um dos expoentes máximos...", ironiza a docente de História, para quem o alegado erro fez com que "milhares" de professores com mais de 10 anos de serviço ficassem em lugares inferiores em relação a outros com menos experiência.

João Alves, professor contratado de Português/Inglês, conta que concorreu às escolas todas, através da BCE, e não está colocado em nenhuma. Argumenta que o processo não tem sido “transparente”, que as perguntas às quais os docentes tinham de responder eram “pouco objectivas” e que não se entende quais os critérios usados para a selecção e ordenação dos professores.

O protesto começou às 15h e foi-se tornando mais ruidoso, com docentes a gritar a demissão do ministro e a falar ao megafone: “Este ministro tem cometido demasiadas ilegalidades”, ouvia-se. Ou: “Vai estudar, Crato”, “Crato rua, escola não é tua”. Os manifestantes deixaram no MEC um pedido de audiência.

O deputado do Bloco de Esquerda Luís Fazenda também marcou presença na Avenida 5 de Outubro: “É um protesto absolutamente legítimo”, disse, subscrevendo as críticas em relação à BCE. “É uma vergonha, um escândalo”, afirmou, acrescentando que o ministro sairá “queimado na sua credibilidade”.

“Ninguém entende os subcritérios e fórmulas matemáticas. Este concurso só pode ser anulado”, defendeu Luís Fazenda, exigindo “decência” e “ética”. O deputado entende que se trata de um caso de “incompetência de um ministério” que tem “humilhado” os professores.

João António Paulo, professor de educação tecnológica, também se juntou à manifestação, mesmo sendo do quadro. Apesar de o seu caso não estar relacionado com a BCE, conta que já pediu a rescisão e que há três anos que concorre ao Destacamento por Ausência da Componente Lectiva. Segundo relata, este ano na escola onde foi colocado, nas Caldas da Rainha, haverá três professores para um horário que não existe. O docente também não sabe explicar o que aconteceu, mas admite que possa ter sido um “erro na plataforma” informática. Disse ainda que directora do estabelecimento escolar aguarda uma resposta da Direcção-Geral da Administração Escolar sobre o caso.

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