Professores chumbam nas provas de Português e Física

Divulgados resultados das componentes específicas da Prova de Avaliação de Conhecimentos e Capacidades destinada a professores com menos de cinco anos de serviço.

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Incapacidade e desânimo não contribuem para a melhoria das aprendizagens, alertam professores de Matemática Miguel Madeira

Mais de metade dos professores que, em Março, realizaram os testes de Português para o 3.º ciclo e secundário, Educação Especial 2 e Física e Química chumbaram nesta avaliação integrada na Prova de Avaliação de Conhecimentos e Capacidades (PACC).

Os resultados divulgados nesta quinta-feira pelo Instituto de Avaliação Educativa (IAVE), responsável pela elaboração e aplicação destas provas, dão conta que chumbaram 63,2% dos 68 professores que fizeram a prova de Física e Química e  60,4% dos 106 que fizeram a prova de Português - Nível 2 ( destinada a professores do 3.º cic lo e secundário). No caso prova de Educação Especial 2, dirigida a docentes que vão apoiar crianças e jovens com surdez e problemas de comunicação, foi realizada apenas por um candidato, que reprovou.

As provas foram classificadas com uma escala de 0 a 100 pontos. Ficaram aprovados os candidatos que obtiveram uma classificação igual ou superior a 50%. As médias nas provas com mais reprovações foram de 41,8% em Educação Especial 2, 44,4% a Física e Química e 46,2% a Português - Nível 2. Na prova de Biologia e Geologia a média também foi negativa (48,8%), mas 57,7% dos 78 candidatos que a realizaram ficaram aprovados.

As provas de Física e Química e Biologia e Geologia destinavam-se a professores do 3.º ciclo e secundário. Estas duas disciplinas têm sido também das que têm piores médias nos exames nacionais realizados pelos alunos do secundário.  

A PACC é obrigatória para professores com menos de cinco anos de serviço que queiram candidatar-se a dar aulas. É composta por uma componente geral que já se realizou por duas vezes e por provas específicas, que se destinam a avaliar os conhecimentos dos professores nas disciplinas a que se candidatam para dar aulas. Realizaram-se, pela primeira vez, entre 25 e 27 de Março passado.

A média mais alta, 88,2%, foi alcançada na prova de Educação Especial 3, dirigida a docentes que vão dar apoio a alunos cegos ou com baixa visão, que foi  feita por três candidatos. Nas provas de Artes Visuais, de Educação Especial 1 (apoio  a jovens com problemas cognitivos e motores), Electrotecnia, Informática e Música as médias foram também iguais ou superiores a 70%. Das provas de Alemão, Espanhol, Filosofia, Geografia, Inglês e Matemática (nível 2),  resultaram médias entre 60% e 69%. Em outras seis provas as médias ficaram entre os 50 e os 59% (Economia, Educação Física, Francês, História, Matemática e Português para o 1.º ciclo).

As provas com taxas de aprovação mais altas, 100%, foram as de Artes Visuais (nível 1) e de Educação Especial 1 e 3.  Em Electrotecnia, Informática e Música também se registaram taxas de aprovação superiores a 90%.  

No conjunto as provas específicas foram realizadas por 1345 professores. Tinham-se inscrito 2338. Só puderam fazer estes testes os professores que tinham ficado aprovados na componente geral, realizada em Dezembro. Esta prova geral foi igual para todos os candidatos, independentemente da área disciplinar a que pretendam concorrer, e destinou-se a avaliar “capacidades básicas como o raciocínio lógico e a capacidade de comunicação em língua portuguesa que são transversais à leccionação de toas as disciplinas”, lembra o Ministério da Educação e ciência (MEC), num comunicado divulgado ao princípio da noite desta quinta-feira,

De um total de 2490 professores que fizeram a componente comum da PACC em Dezembro, 65,7% ficaram aprovados. Quase 35% obtiveram uma classificação inferior a 50%, tendo por isso reprovado. A percentagem de respostas com cinco ou mais erros ortográficos foi então de quase 20%. 

Omissões nas provas

A realização da componente específica foi marcada por alguns percalços e erros por parte do Iave, o organismo responsável pela elaboração e aplicação destas provas. Por exemplo, no enunciado de Biologia e Geologia faltava uma pergunta, que só foi distribuída, sob a forma de errata, quando os candidatos já tinham iniciado a prova. Na prova de Português destinada aos professores do 1.º e 2.º ciclo também se registou uma “omissão” no enunciado. O Júri Nacional da Prova foi obrigado, aliás, a conceder mais 30 minutos, para que os docentes candidatos ao 1.º ciclo pudessem reformular o texto que lhes foi pedido de modo a ter como base o programa e as metas para aquele nível de escolaridade. No enunciado falava-se apenas do 2.º ciclo.

Nas provas de Português a média do grupo candidato ao 1.º ciclo foi 56,3% e a dos candidatos ao 2.º ciclo ficou-se por 46,2%. As mais concorridas foram as provas de Português e Matemática para o 1.º ciclo, feitas respectivamente por 449 e 450 professores. As que tiveram menos candidatos foram as de Educação Especial para o 2.º e 3.º ciclo, realizadas por um e três candidatos, e de Electrotecnia, que também foi feita apenas por um professor. Dezoito das 24 provas específicas realizadas em Março foram feitas por menos de 100 professores.  

No comunicado enviado nesta quinta-feira, o MEC insiste que a PACC se insere num conjunto de medidas destinadas a “garantir que sejam os candidatos melhor preparados a ensinar os nossos alunos”. Frisando que “não se pode ensinar bem o que não se sabe muito bem”, o MEC considera ser  “fundamental que, à medida que se renovem os quadros docentes das escolas, o que irá acontecer de forma acelerada na próxima década [muitos professores têm 50 ou mais anos], se garanta a entrada de uma geração de professores altamente preparada e qualificada”.

Notícia corrigida às 13h45. Alterada apresdentação dos grupos de recrutamento de Educação Especial. Corrigida também apresentação da prova de Português- nível 2.

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