Professora de Bragança colocada em Santarém foi agora mandada para o Algarve

Céu Bastos mudou-se com a filha de Bragança para Constância, no distrito de Santarém. Agora, foi informada da revogação do contrato e foi colocada no Algarve.

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Os abusos envolveram alunas de 12 e 13 anos de uma escola em Seia PAULO PIMENTA

Uma professora do ensino especial de Bragança colocada a 12 de Setembro em Constância, para onde se mudou com a filha, foi informada na sexta-feira da revogação do seu contrato e de nova colocação no Algarve. Céu Bastos disse à agência Lusa que em 12 de Setembro foi informada, através de um email da Direcção-Geral da Administração Escolar (DGAE), da possibilidade de ser colocada em Constância, no distrito de Santarém, ou em Vila Real de Santo António, tendo assumido, na plataforma, a primeira opção, apesar de tudo a menos distante da sua residência.

Com o essencial para a mudança no carro, Céu Bastos andou dois dias à procura de escola para a filha (o Agrupamento de Constância não tem 11.º ano) e de casa para arrendar, acabando por encontrar ambas em Abrantes (a 15 quilómetros). No dia 15 de Setembro apresentou-se no Agrupamento de Escolas de Constância, onde começou a trabalhar com os alunos e as professoras titulares.

Na sexta-feira, às 17h17, recebeu um email informando-a da desvinculação da colocação em Constância e do lugar disponível em Vila Real de Santo António, a que se seguiu outro, perto das 19h00, com a opção de Portimão, tendo de decidir, até segunda-feira, qual dos dois aceita. "Sinto-me revoltada. Arrastar a minha filha nisto é angustiante. A mudança já foi complicada. Ela está no 11.º ano, essencial para a média de entrada na Universidade, tem testes marcados. Agora é obrigada a ir para Vila Real de Santo António, no outro extremo do país", disse Céu Bastos, sublinhando não ter palavras para descrever a situação em que se encontra.

Ao "terramoto" em que foram transformadas as suas vidas junta-se a questão financeira, já que, por ter sido colocada a 12, só terá o seu primeiro salário a 23 de Outubro, tendo que acrescentar novas despesas às que entretanto foi forçada a assumir. "Mais que a despesa económica, que nos obriga a viver momentos muito maus que nos levam a chegar ao fim do mês não com a conta a zeros mas a negativo, é a parte emocional. É desumano", desabafou, lamentando que quem está nos gabinetes "não faça ideia do que se passa no terreno".

"Ter andado dois dias com o carro cheio, a dormir em residenciais, a procurar escola para a minha filha e casa para alugar, primeiro em Vila Nova da Barquinha, depois no Entroncamento e finalmente em Abrantes. Quando finalmente estávamos estáveis, a morar perto da escola dela, este mail foi surreal. É desumano". A situação de Céu Bastos e da filha é para a presidente da Câmara Municipal de Constância, Júlia Amorim, "indescritível" e "revoltante" e para a directora do Agrupamento de Escolas de Constância, Anabela Gracio, "inacreditável", com a agravante de o Ministério não querer assumir o ónus da anulação, colocando-o nos directores.

As escolas com contrato de autonomia e em território educativo de intervenção prioritária receberam na sexta-feira orientações da DGAE para revogarem as listas de ordenação anteriores e anularem as colocações de professores do concurso da bolsa de contratação cujos resultados foram conhecidos a 12 de Setembro. As novas listas substituem as anteriores, nas quais foram detectados erros, que levaram à demissão do antigo director-geral da Administração Escolar. Os directores de escolas questionam a legitimidade do ato pedido pela DGAE, por entenderem que deve ser o Ministério a anular as colocações, que partiram de erros assumidos pela tutela.

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