Prisão perpétua para homicida de português morto em Londres

Juiz acusou Daniel Palmer de ter mentido durante todo o julgamento e de não ter mostrado ponta de remorso.

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Daniel Palmer, o homem condenado pelas autoridades britânicas pela morte de João Esteves, em Crawley, arredores de Londres DR
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Foi condenado esta segunda-feira a prisão perpétua o homicida de um português morto em Londres. João Esteves tinha ido para a capital inglesa à procura de trabalho mas acabou morto numa rua de Crawley, localidade a cerca de 50 quilómetros de Londres.

Foi condenado esta segunda-feira a prisão perpétua o homicida de um português morto em Londres. João Esteves tinha ido para a capital inglesa à procura de trabalho mas acabou morto numa rua de Crawley, localidade a cerca de 50 quilómetros de Londres.

Segundo relata o jornal Crawley News, o juiz acusou o homicida, Daniel Palmer, de ter mentido durante todo o julgamento e de não ter mostrado ponta de remorso. "As suas lágrimas de crocodilo não são senão auto-compaixão", criticou.

Palmer terá forçado João Esteves a caminhar mais cerca de 400 metros até a uma viela para depois o espancar e lhe apertar o pescoço. Depois deixou-o ali a morrer, mas não sem antes tirar fotos com o telemóvel, que enviou a amigos, do homem no chão a tossir e a gemer. Mais tarde havia de justificar estas imagens, que os polícias comparam à exibição de um troféu de caça, com o facto de ter ligado sem querer a câmara do telemóvel.

David Palmer alegou que agiu em legítima defesa, depois de o português o ter atacado. “Não o queria aleijar. Tudo aconteceu muito depressa”, disse ao tribunal, em lágrimas. A autópsia revelou que João Esteves – a quem tinha sido diagnosticada esquizofrenia em Portugal - não resistiu aos graves ferimentos que sofreu na cabeça, potenciados pelo estado de alcoolização em que se encontrava nessa noite, e que lhe pode ter provocado asfixia depois de ter caído ou de ter sido atirado ao chão. As análises revelaram que tinha 2,54 g/litro no sangue.

Apesar de condenado a prisão perpétua, o homicida poderá sair da cadeia ao fim de 15 anos, sendo uma das suas atenuantes o facto de não se ter provado que premeditou o crime.

O caso remonta a Janeiro passado. Com 45 anos, João Esteves não arranjou emprego em Londres, mas também não tinha dinheiro para regressar a Portugal. Naquela noite tentara dormir num centro de apoio a sem-abrigo que já estava, porém, lotado. Foi na rua, já alcoolizado, que se cruzou com David Palmer, que por seu turno passara a noite a andar de bar em bar e foi mesmo expulso de um deles, depois de esmurrar outro cliente.

O britânico alega que João Esteves o atacou, e que teve de se defender. Mas um amigo seu disse em tribunal que David Palmer lhe pediu nessa noite gasolina e um isqueiro para incendiar o corpo. Imagens de videovigilância divulgadas pela polícia e mostradas ao júri que decidiu o caso em tribunal mostram o homem mais novo a caminhar com o português até à viela onde o havia de deixar moribundo, e a regressar já sozinho.

Depois, e segundo as autoridades, foi a casa lavar a roupa que levava vestida, para, horas mais tarde, regressar ao local do crime, onde conversou com a polícia, que entretanto tinha descoberto o corpo. “Atacou cobardemente João Esteves, que nada tinha feito para o provocar”, relatou o inspector responsável pela investigação. “Nunca saberemos as razões pelas quais o atacou. Mas pelos telefonemas que fez para os amigos sabemos que admitiu estar fora de si e que acreditou tê-lo morto”, revelou outro agente das autoridades.

João Esteves morava com a mãe na Cruz Quebrada. Chegou a reparar barcos e a fazer pranchas de surf, mas há muito tempo que não arranjava trabalho. O dinheiro que juntou para a viagem a Inglaterra só lhe deu para o bilhete de ida.  "O plano dele era arranjar trabalho, alugar uma casa e depois chamar a mãe para ir viver com ele", contou o amigo que o levou ao aeroporto.


Vídeo divulgado pela polícia de Sussex que mostra o homicida e a vítima na noite do crime:

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