Primeiro Banco de Leite Humano em Portugal conta com 16 mães dadoras

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Até ao final do ano, a MAC quer manter ou aumentar o número mensal de dadoras Enric Vives-Rubio

Dezasseis mulheres, apelidadas de “mães verdadeiras heroínas”, inscreveram-se como dadoras no primeiro Banco de Leite Humano, que começou a funcionar em Agosto, na Maternidade Alfredo da Costa, em Lisboa.

O recrutamento de dadoras iniciou-se em Julho e no início do mês passado foi recebido o leite das primeiras mães. A maternidade aceitou 16 dadoras e já recebeu leite de 12, duas das quais já terminaram o período de doação, informou a unidade à Lusa.

A 10 de Agosto foi efectuada a primeira pasteurização de cerca de três litros de leite e desde então foram realizadas três pasteurizações. Foram doados cerca de 17,5 litros e rejeitados 1,5 litros após os primeiros testes bacteriológicos devido a um “pequeno problema técnico no domicílio da dadora”.

A colheita é feita em casa pela doadora e a recolha periódica é realizada por uma empresa.

“A receptividade pelas potenciais dadoras excedeu as nossas expectativas. Constata-se um excepcional e louvável altruísmo, uma adesão excelente aos procedimentos, que se tem traduzido numa excelente qualidade microbiológica e nutricional do leite já recebido”, refere a MAC, num primeiro balanço do projecto.

“Trata-se de mães verdadeiras heroínas, que não só se preocupam com os seus filhos, como têm generosidade para pensar nos prematuros de outras mães com pouco ou nenhum leite”, descreve a unidade de saúde.

Numa primeira fase, o leite recolhido é para bebés prematuros da MAC, mas já houve contactos de coordenadores de outras unidades da área de Lisboa e de Coimbra para que os seus prematuros também possam consumir o leite pasteurizado a “curto prazo”.

“Está nos objectivos da direcção da MAC e da coordenação do Banco de Leite Humano tal colaboração a curto/médio prazo”, explica a unidade.

Mas neste momento ainda decorre a fase de implementação dos procedimentos para dar o leite pasteurizado aos bebés.

A MAC refere ser “natural” que em Portugal, como já sucedeu noutros países, haja “algumas reservas” das mães que recebem o leite materno de outras mulheres.

“As reservas vão-se esbatendo com o esclarecimento e com os resultados”, refere ainda a unidade, lembrando que no Norte da Europa é “praticamente impensável um bebé muito prematuro não tomar leite humano, independentemente de a mãe ter ou não”.

Actualmente há cerca de dez litros de leite cru e seis litros de pasteurizado dos quais dois litros estão prontos para serem consumidos.

Até ao final do ano, a MAC quer manter ou aumentar o número mensal de dadoras, a “administração progressiva, crescente, aos prematuros da Unidade de Cuidados Intensivos e Intermédios”. Em termos de receptores, a unidade prevê entre 20 a 40 prematuros.

Sobre as dificuldades encontradas, a MAC refere que “após a morosidade inicial na implementação de todo o processo, em grande parte causada pelo facto de se tratar do primeiro em Portugal, a receptividade pelas potenciais dadoras excedeu as nossas expectativas”.

As “actuais dificuldades situam-se ao nível da conciliação da actividade nos procedimentos do banco e as restantes actividades, nomeadamente assistenciais, dos membros envolvidos”.

Também é citado o “desenvolvimento, desde já, de um sistema informático de registo de todo este processo, imprescindível para o movimento crescente que se antevê”.

“Estamos também a ‘afinar’ os procedimentos internos, administrativos e de pessoal, na previsão de um aumento no fluxo de dadoras e receptores”, conclui.

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