Presidente da Câmara Municipal de Viseu escapou a multa da polícia

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Fernando Ruas diz que pagará a multa, se for notificado Carla carvalho Tomás/PÚBLICO (arquivo)

O presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) e da Câmara de Viseu, Fernando Ruas, foi apanhado a conduzir em excesso de velocidade durante uma operação stop da PSP, que era acompanhada pelo governador civil de Viseu. Na Avenida da Europa, dentro da cidade, onde é proibido circular a mais de 50 km/h, Ruas foi o primeiro condutor a ser fiscalizado pelos agentes que controlavam a velocidade. O radar marcou 89 km/h.

De acordo com as ordens dos agentes, Ruas encostou a viatura, um jeep da câmara. Mas, no momento imediatamente a seguir, o governador civil de Viseu, Acácio Pinto, aproximou-se da viatura e conversou com o autarca. Pouco tempo depois, Ruas seguia viagem, sem ser identificado pelos agentes, ao contrário do que estava a acontecer com outros condutores fiscalizados noutro ponto da cidade, nomeadamente na circunvalação, junto à Universidade Católica.

Fernando Ruas, em declarações ao PÚBLICO, confirma que foi mandado parar pelos agentes, mas nega ter sido informado sobre qualquer infracção que possa ter cometido. "Fiz tudo o que os agentes me mandaram", sublinhou, adiantando que o governador civil de Viseu se limitou a informá-lo da operação que estava a decorrer.

A mesma versão é dada por Acácio Pinto, que garante não se ter apercebido de que o autarca foi mandado parar por conduzir com velocidade acima dos limites legais.

O comandante da PSP de Viseu, Almeida Campos, também se encontrava no local, mas na sexta-feira (noite em que decorreu a operação stop) não confirmou se Ruas tinha ou não cometido qualquer infracção, remetendo explicações para mais tarde.

Ao PÚBLICO, Almeida Campos garantiu ontem que Fernando Ruas foi fiscalizado, tendo o radar detectado uma velocidade 89 km/h. Posteriormente a esta confirmação, o autarca voltou a afirmar que desconhecia ter cometido qualquer infracção, não estranhando por isso que os agentes não o tenham identificado.

Ruas disse não perceber a razão por que estava a ser questionado, argumentando que "os jornalistas não são polícias". Se receber a notificação, assegura, irá agir como qualquer cidadão. "Irei pagar, ou não", adiantou, dizendo que ninguém tem a ver com o assunto.

Almeida Campos, da PSP de Viseu, justifica com uma "descoordenação entre agentes" o facto de Fernando Ruas não ter sido identificado pela PSP, assim que os polícias detectaram a infracção. Segunda relata, o agente que ordenou ao autarca para parar não informou o outro agente de que deveria ter pedido os documentos a Ruas. Como o governador civil se aproximou, um outro agente, com a função de manter a segurança, autorizou "indevidamente" que o autarca seguisse viagem, mal o governador civil de Viseu se despediu do autarca, adianta o comandante da PSP de Viseu. Quando o agente quis identificar o condutor "já era tarde", explica Almeida Campos.

Pelo facto de ter existido um "erro", Almeida Campos nega qualquer "tratamento especial" por se tratar do presidente da Câmara de Viseu. Apesar de Ruas não ter sido identificado no momento da infracção, o comandante garante que Ruas irá receber uma notificação, por forma a ser identificado o condutor responsável pela infracção. "Não restam dúvidas de que era o presidente da Câmara de Viseu", afirma Almeida Campos, tendo em conta que se encontravam no local vários agentes da PSP e jornalistas. Ruas deverá pagar entre 120 (mínimo) a 600 euros de multa. A infracção, considerada grave, prevê também a inibição de condução durante um mês.

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