Portugueses realçam recursos naturais e aceitam comprar menos alimentos

Para a maior parte dos países que participaram no inquérito, a protecção do ambiente surge em primeiro lugar e reúne 59% das respostas.

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Inquérito revela que 45% dos portugueses prefere utilizar o carro particular Rui Gaudêncio

Um inquérito comunitário sobre consumo sustentável concluiu que os portugueses consideram mais importante para o futuro a defesa dos recursos naturais, preferem utilizar o carro particular e estariam dispostos a comprar menos alimentos, opiniões diferentes dos restantes europeus.

O questionário está incluído no projecto Pacita, cujo objectivo é recolher as ideias dos europeus sobre aquecimento global, recursos energéticos, água, produção alimentar ou saúde pública e transmitir as suas preocupações aos políticos.

Além de Portugal, participaram na consulta pública, que decorreu no sábado, Holanda, Áustria, Bulgária, Espanha (Catalunha), Dinamarca, Hungria, Lituânia, República Checa Irlanda e Bélgica (Valónia), envolvendo mais de 1000 cidadãos europeus.

Entre as respostas que mais surpreenderam a coordenadora do programa em Portugal está a referente aos desafios que os participantes apontaram como mais importantes para o futuro. Em Portugal, 76% considerou a protecção dos recursos naturais como o desafio mais importante, um resultado diferente do resto dos países.

A coordenadora do projecto Pacita, Mara Almeida, comentou nesta quarta-feira à agência Lusa os resultados iniciais da consulta pública, que envolveu cerca de 100 portugueses, representando as características da população em termos de idades, género ou habilitações académicas.

No consumo sustentável, em segundo lugar os portugueses apresentaram a preocupação com a boa governação, ou seja, com a promoção da igualdade, da participação e da transparência, opção que nos resto dos países foi opção para 26% dos participantes.

Para a maior parte dos países, a protecção do ambiente veio em primeiro lugar e reuniu 59% das respostas.

Quanto à mobilidade, 45% dos portugueses prefere utilizar o carro particular, seguido dos transportes públicos, com 36%, e somente 4% escolhe a bicicleta, enquanto a nível europeu os resultados foram "um bocadinho diferentes", porque 17% prefere a bicicleta, o uso de carro pessoal teve 35% das respostas e os transportes públicos 29,7%.

"A diferença mais acentuada é na bicicleta e no caminhar", salientou Mara Almeida. Várias cidades de alguns países europeus, como a Holanda ou a Dinamarca, disponibilizam infra-estruturas para facilitar a utilização de bicicletas.

Para a coordenadora do Pacitas, "interessante e transversal aos europeus é a resposta relacionada com a redução do consumo - 93% dos participantes portugueses e 80% dos europeus estariam dispostos a reduzir" os gastos em produtos.

Na análise por áreas de produtos, 36% dos portugueses estariam disponíveis para reduzir o consumo de alimentos.

O resto dos europeus estariam dispostos a diminuir em 38% os produtos como telemóveis e aparelhos electrónicos e, em segundo lugar, o consumo de alimentos, estando em causa comprar somente os alimentos necessários ou deixar de adquirir alimentos fora de época.

À pergunta sobre quem deveria assumir um papel principal para alcançar um consumo sustentável, em Portugal 69% responderam que é o cidadão e 31% os governos e políticos nacionais, o que Mara Almeida defende ser "surpreendente". "É assumir que a principal responsabilidade devia ser do cidadão individual", resultado semelhante àquele obtido nos outros países, disse.

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