Portugueses querem criar uma escola bilingue no Reino Unido

Projecto de professores portugueses pretende arrancar no próximo ano lectivo. A escola vai oferecer português e inglês.

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Londres, aqui iluminada por causa do Natal, pode ter uma escola anglo-portuguesa AFP

Já tem nome, chamar-se-á Anglo-Portuguese School of London; e os professores serão ingleses e portugueses, “com preferência para os que saibam falar as duas línguas”, explica Óscar Faria, responsável pelo marketing da escola.

“O aumento da migração poderá contribuir para termos ainda mais procura, mas, neste momento, o número de descendentes de portugueses e de interessados em aprender português é mais do que suficiente para justificar um projecto desta natureza. Há uma grande comunidade portuguesa no Reino Unido, mais precisamente na zona de Londres”, concretiza.

Segundo o responsável, a escola não é só para filhos de falantes de língua portuguesa ou inglesa. “Sabemos que há um grande interesse por parte de muitas famílias inglesas e de outras nacionalidades em proporcionar uma escolaridade bilingue aos filhos como aposta no seu futuro académico, mas também porque acreditam e vivem saudavelmente com o multiculturalismo”, sublinha.

No site do projecto, pode ler-se que alguns dos objectivos são o aumento da probabilidade de emprego, a educação de jovens mais tolerantes para com outras culturas e a melhoria das relações entre as famílias e a escola.

E como vão funcionar estas aulas? A começar no pré-escolar, as crianças aprendem a ler, escrever e contar nas duas línguas. A Língua Portuguesa e a História de Portugal serão ensinadas em português, e as outras disciplinas em inglês. A equipa criadora deste projecto explica que criou um currículo próprio e que vai gerir a escola de acordo com essa visão – o sistema britânico possibilita-o. A equipa é constituída por quatro portugueses, três ingleses e um elemento com dupla nacionalidade. 

“Fui tendo conhecimento dos alunos descendentes de portugueses no Reino Unido e da relação que as famílias estabelecem com as escolas, que é muitas vezes dificultada por não falarem bem a língua. Os alunos acabam por perder o português ou por falá-lo apenas em casa. O nosso objectivo é que o português não seja apenas uma língua de herança, mas uma língua na qual as famílias apostem, a pensar num futuro internacional para os seus filhos. Queremos também contribuir para a integração social das famílias portuguesas, e está provado que o bilinguismo é um forte elemento de coesão social”, defende Regina Duarte, líder da equipa, e responsável pela coordenação do ensino do Português no Instituto Camões no Reino Unido e nas Ilhas do Canal.

Financiado pelo Estado
A Anglo-Portuguese School of London pretende abrir como free school, ou seja, uma escola com projectos próprios mas financiada pelo Estado, algo que não existe em Portugal e que o mais semelhante serão as escolas do ensino particular que têm contratos de associação com o Ministério da Educação e Ciência (MEC) e que estão obrigadas a oferecer o mesmo currículo que as escolas públicas. Para tal, os responsáveis vão submeter um pedido ao ministério britânico.

Com o apoio institucional da Embaixada de Portugal e do Instituto Camões, a escola tem a data de abertura planeada para Setembro de 2014, no sul de Londres, com 250 alunos e capacidade máxima para 800.

Os criadores do projecto querem também que a escola seja certificada para o ensino do português. “Nós temos as condições necessárias para que a certificação dos nossos alunos seja reconhecida em Portugal. Não podemos pedir certificação ao Ministério da Educação de cursos que ainda não existem, mas estamos a garantir que o currículo que criamos está também de acordo com as exigências do currículo português”, diz a líder da equipa. Assim que tal acontecer, será pedida essa certificação ao Ministério da Educação e Ciência que, para já, ainda não tem conhecimento deste projecto.

Segundo Óscar Faria, a comunidade portuguesa em Londres tem recebido com “entusiasmo” o projecto e várias associações e particulares já estão a colaborar na recolha de assinaturas que, segundo Regina Duarte,  têm o objectivo de “provar o interesse dos pais” na escola que pretendem abrir.

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