Portugueses praticam cada vez mais corrida na rua, mas continuam a ir ao ginásio

Ginásios ultrapassaram a crise, com uma subida de quase 20% do número total de clientes, para mais de 280 mil em 2014. Quase metade das unidades aumentaram facturação, segundo dados da associação do sector.

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Ginásios conseguiram ultrapassar "os anos dramáticos" de 2012 e 2013 Hugo Delgado

O susto foi grande para o turista que procurava o melhor ângulo para fotografar o Padrão dos Descobrimentos, em Lisboa, quando mais de 20 pessoas, que cumpriam as instruções da monitora de fitness, correram na sua direcção.

Duas vezes por semana, a partir das 19h30 e durante uma hora, a instrutora Leonor Madeira dá treinos ao ar livre na zona riberinha de Belém. Já no parque florestal de Monsanto, também na capital, Isabel Félix é uma das cerca de 20 pessoas que começa os dias a correr às 5h30, percorrendo trilhos de natureza ao longo de 12 quilómetros. O empresário Miguel Pinho, por exemplo, criou uma agência de viagens especializada em provas de atletismo porque “a corrida está muito em voga”. A Go2marathon “oferece experiências únicas, maratonas especiais em sítios especiais”.

Os portugueses estão cada vez mais a praticar exercício ao ar livre, principalmente corrida. Há vários grupos, horários e modalidades de treino físico fora de portas, que são sinal da crescente preferência dos portugueses pelas actividades físicas na rua, como a corrida. Mas esta tendência não parece ter vindo prejudicar o negócio dos ginásios. Para o presidente da Associação de Ginásios de Portugal, José Júlio Vale Castro, “a corrida fomenta a prática de exercício no ginásio e não ao contrário”.

O responsável disse à agência Lusa que os ginásios ultrapassaram a crise, com uma subida de quase 20% do número total de clientes, para mais de 280 mil em 2014, tendo quase metade das unidades aumentado a facturação, segundo dados da associação do sector.

Durante a crise económico-financeira de 2012 e 2013, anos que classifica de “dramáticos para os ginásios”, encerraram muitas unidades que não conseguiram converter-se. Outras procuraram alternativas para cativar os seus clientes, mas isso fez-se muito à custa da descida de preços: “O preço médio [praticado nestes espaços] desceu cerca de 3%”, está nos 35 euros. "Continuam a existir ginásios ‘premium’ com preços mais elevados, mas existem já soluções muito baratas”, diz, indicando que há estabelecimentos com mensalidades de 19 euros.

Com base nos resultados do barómetro para o sector, que será apresentado no encontro europeu de ginásios e se baseou em inquéritos a 395 marcas, representando 477 instalações, 40% dos ginásios aumentaram a facturação em relação a 2013, mas quase um terço (28%) baixaram em 2014.

Um dado realçado pelo presidente da associação é o crescimento de 19% do número de membros em 2014 relativamente ao ano anterior, mas também as 187 mil pessoas que aderiram a um ginásio, juntando-se às 39 mil que regressaram. No entanto, durante o ano, foram 149 mil aqueles que deixaram de frequentar os clubes de actividade física, levando a um “saldo” de 77.873 membros, representando o crescimento de 19%. Em Portugal, a tipologia de ginásios mais comum é de pequenas dimensões.

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