Portugueses estão a beber menos ao volante

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Entre 2013 e 2014 houve uma redução do número de condutores alcoolizados apanhados ao volante da ordem dos 16% Miguel Manso

Os portugueses estão a beber menos quando conduzem. Segundo dados divulgados esta segunda-feira pelo presidente da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária, Jorge Jacob, entre 2013 e 2014 houve uma redução do número de condutores alcoolizados apanhados ao volante da ordem dos 16%, diminuição que sobe para os 17% na faixa etária entre os 16 e os 29 anos.

Portugal é, de resto, o segundo país da Europa com menor risco de morte entre os jovens automobilistas, de acordo com dados de 2010.

Mesmo assim, a mortalidade em acidentes de viação dos jovens em Portugal foi cerca de 40% superior ao da restante população no período entre 2010 e 2013. Neste intervalo de tempo morreram ou ficaram gravemente feridos 976 condutores e 523 passageiros com idades entre os 18 e os 24 anos, enquanto nas restantes faixas etárias todas somadas o número de vítimas mortais e feridos graves se cifrou em 5974 condutores e 1922 passageiros. Metade dos óbitos entre jovens resultaram de despistes, o que, segundo Jorge Jacob, poderá indiciar excesso de velocidade. Apenas na qualidade de peões os mais novos ficam a ganhar aos mais velhos no que à sinistralidade rodoviária concerne: entre 2010 e 2013 não resistiram ou ficaram feridas com gravidade por atropelamento 8% do total de vítimas de acidentes, enquanto nas restantes faixas etárias essa taxa alcança os 22% do total de acidentes.

"É no período das 20h às 8h e ao fim-de-semana que o peso desta faixa etária nos acidentes rodoviários mortais é superior ao peso das demais", referiu Jorge Jacob, que estima os custos económicos e sociais da sinistralidade entre os jovens entre 2010 e 2013 em 752 milhões de euros.

Ainda que o consumo de álcool ao volante tenha diminuído, as estatísticas da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária dão conta da detecção de excesso de bebida por parte das autoridades em 4,4% dos automobilistas entre os 21 e os 29 anos, enquanto nos restantes grupos etários essa taxa não ultrapassa os 3,7%.

Estes dados foram revelados no lançamento de um programa de segurança rodoviária destinado a futuros condutores. Foi também aqui que o secretário-geral do Automóvel Clube de Portugal, Luís Figueiredo, se mostrou perplexo por haver pais que "gastam rios de dinheiro" na formação superior os filhos e depois os colocam em risco ao recorrer a aulas de condução "super low-cost".

"Há cursos a 200 euros, com exames incluídos - o que, descontando os impostos, dá menos de dois euros por hora. Isto é crime público!", criticou, exigindo, como de resto o ACP tem vindo a fazer, maior fiscalização das escolas de condução. "Os pais são culpados, mas os governantes também", acusou Luís Figueiredo.

Também presente na cerimónia, o secretário de Estado da Administração Interna, João Almeida, comprometeu-se, em nome do Governo, a dar "uma resposta eficaz ao problema". Mas logo a seguir havia de dizer aos jornalistas que não é ao seu ministério que compete fiscalizar os estabelecimentos onde se aprende a guiar, mas sim a dois organismos do Ministério da Economia - o Instituto da Mobilidade e dos Transportes e a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica.

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