Portugal “perdeu” entre 110 e 128 mil emigrantes no ano passado

Reino Unido, Suíça e Alemanha acolheram 60 mil emigrantes portugueses em 2013, assumindo-se assim como principais destinos da actual emigração

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Reino Unido é o principal destino dos portugueses que estão a sair do pais. Miguel Manso

Mais de 30 mil portugueses emigraram para o Reino Unido em 2013. Este movimento de ida traduz um aumento de 47% comparativamente com os 20,4 mil portugueses que já em 2012 tinham escolhido aquele destino para trabalhar.

Num e noutro ano, “são maioritariamente profissionais de saúde, embora não só, sendo que a percentagem de licenciados entre os emigrantes portugueses que vão para o Reino Unido é muito elevada comparativamente com os outros destinos”, caracteriza o investigador do ISCTE, Rui Pena Pires, antecipando assim alguns dos números e factos que esta quinta-feira são discutidos no fórum “Vidas em Movimento – Migrações, Mobilidades e Turismo”.

Ao longo de todo o dia, dezenas de especialistas vão tomar o pulso às migrações portuguesas, dissecando-as em termos de percursos escolhidos, dimensão dos fluxos e saídas versus chegadas, entre outras coisas. Além do aumento das partidas de portugueses qualificados para o Reino Unido, Rui Pena Pires destaca a Noruega como sendo um dos destinos onde a taxa de qualificação dos emigrantes portugueses é das mais elevadas. “Neste caso, falamos essencialmente de engenheiros”, precisa, para concluir: “Até 2010 a emigração qualificada aumentou na medida exacta em que aumentaram as qualificações da população portuguesa. Depois disso, a qualificação dos emigrantes passou a ser superior à da população portuguesa em geral”.

No ano passado emigraram entre 110 e 128 mil portugueses, dependendo da fonte que se consulta. O INE, cujas estimativas se baseiam no inquérito permanente ao emprego que contém perguntas sobre emigração, admite que, entre emigrantes temporários e permanentes, 128.108 portugueses tenham saído do país em 2013. No ano anterior, terão saído 121.418 mil, contra os 100 mil de 2011. Já o Observatório da Emigração, cujas bases de dados assentam na consulta aos registos de entrada dos portugueses nos países de destino, estima em 110 mil os portugueses emigrados no ano passado, acima dos 95 mil de 2012 e dos 80 mil de 2011.

Independentemente das oscilações, é seguro afirmar-se que Portugal é hoje o segundo país da União Europeia com mais emigrantes em percentagem da população: 20.8%, contra uma percentagem de emigrantes na população residente abaixo da média dos países da EU (8.6% se considerarmos os retornados nascidos nas ex-colónias, menos de 6% sem estes retornados). “O aumento da emigração está a fazer-se a um ritmo muito acima da evolução da população portuguesa, o que está a provocar uma quebra demográfica importante na população portuguesa”, sublinha Rui Pena Pires.

Seguro é também afirmar-se que a crise acentuou o carácter europeu da emigração portuguesa. Em 2013, “entre 80 a 85% dos emigrantes portugueses” têm a Europa como destino. Para Angola e Moçambique estima-se que terão ido cerca de 10 a 12% dos emigrantes portugueses e apenas 1% terão escolhido o Brasil. Reino Unido e Noruega são os países onde o aumento das entradas de portugueses é mais expressivo, na comparação entre 2012 e 2013. Mas, em termos absolutos, sobressaem os 20 mil portugueses que foram para a Suíça no ano passado (18.9 mil em 2012) e os 11.401 que escolheram a Alemanha. “Neste caso, e descontados os engenheiros, a emigração é maioritariamente de pessoas pouco qualificadas”.

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