Há muita informação sobre cancro na Internet, mas muitas vezes esta é demasiado complexa e de difícil compreensão para os cidadãos e para os doentes em geral. Foi por ter consciência desta dificuldade que um grupo de profissionais de diversas áreas decidiu lançar um portal que agrega uma multiplicidade de informações não só clínicas mas também jurídicas, de nutrição, de psicologia e de reabilitação.

O portal Onco+ (www.oncomais.pt), que este sábado à tarde é oficialmente apresentado no Rossio, em Lisboa, além de incluir “informação credível, cientificamente correcta e divulgada de forma simples”, vai ter um espaço para o esclarecimento de dúvidas, com “o compromisso de que a resposta é dada em cinco dias”, adianta a médica Ana Castro, uma das fundadoras desta plataforma electrónica.

As dúvidas serão respondidas pela equipa do portal, que, além de médicos oncologistas, inclui assistentes sociais, nutricionistas, psicólogos e fisioterapeutas. “Não vai ser uma espécie de consultório online”, avisa desde logo esta médica do Hospital de Santo António (Porto), que admite que algumas das perguntas venham a ficar sem uma resposta directa, se não se adequarem ao âmbito do Onco+.

O objectivo é falar de coisas práticas, não só dos factores de risco dos diversos tipos de cancro, dos tratamentos e respectivos efeitos secundários – o portal inclui mesmo dados sobre terapias alternativas –, mas também dos direitos dos doentes, que muitas vezes são ignorados, como as isenções de taxas moderadoras,  descontos no IRS e outros benefícios fiscais, apoios da segurança social e no crédito à habitação. O portal inclui ainda testemunhos de pessoas que vivem com cancro e outras que ultrapassaram a doença e pretende-se no futuro que surjam grupos de apoio que promovam pequenas reuniões a nível local.

A ideia surgiu de um grupo de profissionais que perceberam não havia uma plataforma electrónica em português que incluísse todo este tipo de informação e que  “desse aos cidadãos todo o tipo de ferramentas necessárias para poderem ter um papel activo no controlo ou na prevenção” do cancro, explica Sérgio Barroso, oncologista do Hospital de Évora. “Existem muitos portais de oncologia portugueses e internacionais, mas quisemos fazer um ferramenta simples e adaptada à generalidade das pessoas. Queremos envolver a sociedade civil”, diz o médico para quem o grande desafio desta plaforma é o de criar alguma interactividade, pondo as pessoas a falar sobre a doença, e sobretudo fazer com que as pessoas percebam que a prevenção é muito importante e o tempo também.

Uma coisa é certa: " o portal não se vai sobrepor aos serviços de saúde", explica Sérgio Barroso, que lembra que os casos de cancro estão a aumentar mas que, graças aos avanços nos tratamentos, as pessoas vivem hoje muito mais tempo.

O Onco+ tem o patrocínio institucional do Presidente da República, da Direcção-Geral da Saúde, da Fundação Calouste Gulbenkian, do Programa Nacional para as Doenças Oncológicas e é financiado por vários mecenas, que incluem empresas e laboratórios farmacêuticos.