Polícia Marítima tentou impedir homenagem às vítimas do Meco

“Fui avisada pela Polícia Marítima de que não o poderia fazer. Mas nenhum polícia me impediu e as flores ficaram mesmo no mar”, contou a mãe de um dos jovens.

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Fátima Negrão diz que o filho, uma das vítimas do acidente, era pouco amigo do mar Miguel Manso

Um incidente com a Polícia Marítima marcou nesta terça-feira mais uma homenagem às vítimas do Meco, levada a cabo pelos pais dos jovens.

O facto de a homenagem, que reuniu algumas dezenas de pessoas no areal, não ter sido previamente comunicada à capitania fez com que dois agentes tenham avisado os presentes de que não podiam ali estar nem lançar uma coroa de flores à água, conforme haviam planeado. “Fui avisada pela Polícia Marítima de que não o poderia fazer. Mas nenhum polícia me impediu e as flores ficaram mesmo no mar”, contou Anabela Pereira, mãe de um dos seis jovens levados pelas ondas do Meco, Tiago André Campos.

Ao contrário de outros pais, Anabela Pereira anunciou em Janeiro passado que não vai proceder judicialmente contra ninguém, uma vez que está convencida de que aquilo que se passou a 15 de Dezembro foi um acidente, do qual o único sobrevivente, o dux João Gouveia, foi também vítima. “Apenas posso pensar que tudo se tratou de uma infelicidade, de um acidente, de sete jovens que estavam no sítio errado à hora errada. Acredito que o próprio sobrevivente seja, ele mesmo, e apesar de ter sobrevivido, uma vítima da situação e que carregará para sempre o peso imenso e sentimento de impotência perante a tragédia que presenciou”, escreveu. A mãe queixava-se da mediatização do caso e pedia que a sua privacidade fosse respeitada: “Compreendo que este assunto assuma contornos de potencial interesse nacional. Porém, julgo que o tratamento que lhe tem sido dado em nada assume a função que deveria assumir: transmitir verdades comprovadas pelas autoridades, a fim de prevenir eventuais ocorrências semelhantes de futuro”.

A Polícia Marítima escusou-se a esclarecer o incidente ocorrido durante o lançamento das flores à água. Fonte oficial da corporação garantiu, porém, que nenhum dos participantes na homenagem chegou a ser identificado pelos agentes: “As pessoas foram avisadas de que não podiam estar ali, mas não foram identificadas. Foram elas que vieram dar a conhecer-se aos agentes, identificando-se perante eles de livre e espontânea vontade”.

Os pais dos alunos da Universidade Lusófona foram ouvidos um a um em tribunal na passada semana por Moreira da Silva, o procurador que tem o caso em mãos, tendo parte deles garantido que recorrerá às instâncias judiciais europeias caso o processo seja arquivado em Portugal.

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