Polícia britânica procura abusador sexual de menores na investigação ao caso Maddie

Autoridades procuram indivíduo que abusou de cinco meninas entre 2004 e 2006.

Foto
Madeleine desapareceu há seis anos na Praia da Luz Andrew Winning/Reuters

A equipa da polícia britânica que está a investigar o desaparecimento de Madeleine McCann anunciou nesta quarta-feira que procura um homem que abusou sexualmente de cinco meninas em Portugal, entre 2004 e 2006. Os ataques ocorreram em casas arrendadas por famílias britânicas no Algarve.

A polícia metropolitana londrina indicou que o homem, descrito como alguém que tem pele bronzeada, cabelo escuro e  fala Inglês com sotaque, é suspeito de ter entrado em 12 propriedades - quatro no Carvoeiro, seis na Praia da Galé e duas na Praia da Luz, entre 2004 e 2010. Madeleine McCann desapareceu em Maio de 2007 de um apartamento arrendado pela sua família num resort algarvio na Praia da Luz.

Entre 2004 e 2006, o indivíduo atacou sexualmente cinco crianças, todas do sexo feminino, com idades entre os sete e os 10 anos. Além de abusar das cinco meninas, duas delas na mesma casa, quando estas dormiam às primeiras horas da manhã, o homem roubou dinheiro em três das casas que entrou, revelam as autoridades britânicas.

A Polícia Metropolitana de Londres acrescenta que estes casos não foram tidos em conta pelas autoridades portuguesas no caso de Madeleine por não se ter verificado nenhuma tentativa de rapto.

O inspector-chefe Andy Redwood, responsável pela equipa de 37 pessoas da Polícia Metropolitana de Londres que está a investigar o desaparecimento de Madeleine, adiantou que o homem não está identificado e que neste momento é “prioritário” para a investigação encontrá-lo e “provar ou não que está envolvido no desaparecimento” da criança britânica.

Segundo Redwood, os crimes que são atribuídos ao indivíduo “são muito sérios” e “ninguém foi ainda acusado de qualquer envolvimento” nos cinco casos. “Precisamos de eliminar este homem da nossa investigação e confirmar se estas ofensas estão relacionadas com o desaparecimento de Madeleine”, continuou o inspector-chefe, citado pela BBC e pelo The Guardian.

“Apesar de aceitar por completo que existem diferenças [entre os casos do homem não identificado e o caso de Madeleine], não existe qualquer rapto que possamos registar mas há a suposição de que Madeleine McCann foi raptada. Isso pode não coincidir com tudo o que pensamos sobre o que terá acontecido a Madeleine McCann”, afirmou o inspector-chefe.

A equipa britânica responsável pela investigação do caso da Praia da Luz já classificou 38 pessoas como sendo “pessoas de interesse” para os inquéritos que decorrem e está a analisar pormenores de casos relacionados com 530 abusadores sexuais identificados mas cujo paradeiro desconhecem. Deste enorme grupo, 59 foram classificados como sendo  “altamente prioritários”.

À agência Lusa, o inspetor Andy Redwood garantiu que informou a Polícia Judiciária antes de lançar esta quarta-feira um novo apelo nos meios de comunicação social.

"O meu colega, director [Luís] Mota Carmo, que está a trabalhar na delegação de Faro, compreende perfeitamente a natureza e amplitude da nossa investigação. Eu estive em Portugal na última quinta-feira, onde discuti as nossas intenções em relação a este apelo através da comunicação social. Tudo o que estamos a fazer é feito em entendimento total e aberto com os nossos colegas portugueses", afirmou o detective à Lusa.

Redwood, que encabeça desde 2011 a "Operação Grange", a investigação da polícia britânica ao desaparecimento de Madeleine McCann em 2007, disse ter viajado ao todo 26 vezes até Portugal para reuniões de "nível estratégico ou táctico".

Porém, confessou "frustração" com a lentidão dos procedimentos de análise e aprovação das cartas rogatórias internacionais onde foram pedidas diligências e a aprovação para agentes britânicos acompanharem os polícias portuguesas nestas acções.

"Nós trabalhamos de uma forma muito diferente no Reino Unido em termos da forma como a polícia actua. É apenas uma diferença. Mas o mais importante é que todas as nossas linhas de investigação estão enraizadas e direccionadas para Portugal e nós compreendemos e respeitamos as diferenças dos nossos sistemas, o que significa que as coisas avançam a velocidades diferentes. Há uma frustração do nosso lado nesse aspecto. Se fosse connosco e fosse um crime que tivesse acontecido em Londres, nós conseguiríamos avançar a uma velocidade diferente", admitiu à Lusa.

Andy Redwood confirmou que parte das três cartas rogatórias, enviadas para Portugal entre Outubro e Fevereiro, está ainda na Procuradoria-Geral da República, a quem cabe analisar e aprovar os documentos antes de os passar à Polícia Judiciária.

Sugerir correcção
Comentar