PJ fez buscas no Instituto Cardiovascular de Lisboa e no British Hospital

Em causa estão suspeitas de corrupção e de fraude ao SNS que já no início deste mês tinham levado inspectores da PJ a fazer buscas no Hospital de Santa Maria.

Foto
O Ministério da Saúde defende que algumas terapias de “eficácia duvidosa” deixem de ser comparticipadas pelo SNS Foto: Fernando Veludo/Nfactos

A Polícia Judiciária fez na manhã desta segunda-feira buscas ao Instituto Cardiovascular de Lisboa e ao British Hospital, duas unidades que funcionam no mesmo edifício, confirmou o PÚBLICO. Em causa estão suspeitas de corrupção que já no início deste mês tinham levado inspectores da Unidade Nacional de Combate à Corrupção da PJ a fazer buscas no Hospital de Santa Maria, em Lisboa. Vários documentos, nomeadamente referentes à contabilidade, foram apreendidos.

No centro da investigação estão indícios de corrupção, falsificação de documentos e burla relativamente ao director do serviço de cirurgia vascular do Santa Maria, José Fernandes e Fernandes e a outros responsáveis do hospital. Estará também em causa uma fraude no Sistema Nacional de Saúde (SNS). O médico, que é também director do Instituto Cardiovascular de Lisboa, sendo aliás, seu fundador, foi entretanto constituído arguido. O inquérito-crime decorre na 9.ª secção do Departamento de Investigação e Acção Penal de Lisboa, uma unidade com magistrados com uma vasta experiência na investigação de casos de corrupção.

O médico José Fernandes e Fernandes terá ligações a uma empresa de próteses cardiovasculares que terá privilegiado recorrentemente como fornecedora daquele tipo de equipamentos à unidade hospitalar. Muitas vezes, o critério de urgência, alegado neste esquema, não se verificava tratando-se, por isso, de um expediente irregular. Mas noutros casos, os doentes nem necessitavam naquela altura das próteses.

Por outro lado, na investigação estará também em causa o desvio de doentes de hospitais privados para a realização de cirurgias no Hospital de Santa Maria, o que terá lesado o Estado em milhares de euros. Vários doentes terão sido, sem qualquer justificação legal, tratados no Santa Maria, de forma a que os custos com as cirurgias e próteses fossem imputados ao hospital público, não obstante os pacientes pagarem os actos médicos às unidades privadas.

O PÚBLICO tentou, já depois das 20h desta terça-feira, obter, sem sucesso, uma reacção da administração do instituto. O mesmo aconteceu com o British Hospital.

Num comunicado recente, o médico José Fernandes e Fernandes sublinhou que todos os actos práticos “no âmbito das suas funções” seguiram “escrupulosamente os procedimentos conhecidos, estabelecidos, documentados e autorizados pela Administração do Centro Hospitalar de Lisboa Norte – Hospital de Santa Maria”, sublinhando que não poderia ter qualquer “poder de decisão ou influência sobre as condições de fornecimento [das próteses] acordadas com quaisquer outras entidades”.

Sugerir correcção
Comentar