A Direcção Central de Investigação de Corrupção e Criminalidade Económica e Financeira (DCICCEF) da Polícia Judiciária deteve ontem um ex-alto funcionário da Parque Expo SA e um empresário ligados ao aluguer dos três paquetes de luxo usados como hotéis flutuantes durante a EXPO 98.

Os mandados de detenção foram apresentados a Luís Godinho Lopes, engenheiro, vice-presidente do Sporting e presidente da EJA (Estádio José Alvalade), sociedade responsável pela construção do novo Estádio ; e a Januário Rodrigues, director da Unidade de Alojamento da Expo 98.

Godinho Lopes e Januário Rodrigues serão hoje alvo do primeiro interrogatório de arguido, no Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa, por alegada prática de três crimes: Corrupção, participação económica em negócio e administração danosa. Estas imputações inserem-se operação Barca Bela II, desencadeada ontem pela DCICCEF e no decurso da qual foi apreendida documentação relacionada com o caso.

Sob investigação estará a obtenção de um lucro privado de um milhão de contos (cinco milhões de euros) e de um prejuízo para o Estado de quatro milhões de contos (20 milhões de euros).

Segundo comunicado ontem divulgado da PJ, “os negócios terão decorrido em colaboração estreita entre funcionários da Parque Expo SA e os intermediários/angariadores dos paquetes”.

O caso foi conhecido em Agosto de 1998 e está associado ao aluguer de três paquetes de luxo utilizados em viagens de cruzeiro, pela Expo para fazer face a eventuais dificuldades de alojamento de artistas e comitivas dos países participantes.

A PJ realça no seu comunicado que poderá ter existido “indução em erro sobre as necessidades de alojamentos, através da inflação dos números de potenciais reservas”. Esta situação implicou a contratação de “três navios-hotel de luxo”, que vieram a ter uma taxa de ocupação muito baixa, provocando um prejuízo avaliado em cerca de 20 milhões de euros (quatro milhões de contos)”.